Era domingo ensolarado
Era domingo ensolarado, ele estava caminhando no eixão. Seguia na direção asa sul, asa norte. Era o típico brasileiro, possuía sangue negro, índio e branco. Ele estava acima do peso, estava sem camisa, tinha a estatura baixa. Os cabelos encaracolados do peito cobriam sua pele com certo estilo. Usava uma sunga azul marinha e um tênis laranja com meias cinzas até a metade da canela. Usava também uma bandana azul na cabeça que combinava com seu cabelo rasta-black. Caminhava lentamente com o rosto virado para o horizonte, escutava uma música em um equipamento que parecia um antigo discman. Ele não tinha vergonha de seu corpo. Quem reparava no indivíduo com atenção, podia sentir a energia que o mesmo emanava. Era o sentimento da liberdade, das paixões mal resolvidas e dos amores correspondidos, a sensação do medo do infinito, a vontade de viver. Apesar disso, teve um passado complicado, marcado por perdas, corações partidos, injustiça, humilhação. Entretanto, hoje tinha o seu próprio mundo, era dono de seu mundo, ele se amava. Os homens o olhavam com um certo desdém e deboche, mas no fundo admiravam aquela figura. As mulheres o olhavam com certa curiosidade, algumas até sentiam desejos carnais para com ele, admiravam sua autoestima. Mas ele não ligava para as pessoas, estava concentrado apenas em sua música e caminhada. À medida que andava, refratava todos os sentimentos e pensamentos venenosos gerados por uma forma de organização social ultrapassada. Ele era simplesmente um ser humano, ele era Deus.