Debrando e a Belladona
Ti Debrando namorara Tibebé mas acabou casando mesmo foi com Tia Conceição, que era mais atirada pros negócios de Cupido do que a irmã mais velha. E não parece terem ficado ressentimentos no ar. Só que Tibebé descrentou de casamento, e continuou morando com vovó, enviuvada, e a irmandade solteirona, que ainda tinha Ticintina, Tirrita, Tilia e o Titõe. E cuidando com um capricho que só ela de ariar as panelas, tirar as sementinhas do quiabo, e cuidar da contabilidade da casa.
O casal Debrando e Conceição morou por mais tempo foi na Caiana, pros lados de São José da Varginha e vez ou outra aparecia pruma visita, primeiro no Brumado, e depois, em Pitangui - para onde papai se mudara conosco e levara vovó e toda aquela irmandade. Que queria morar garradim ni nós. E assim se fez. E os visitantes de vovó sempre nos aguçavam a curiosidade com as suas sapiências e outras acontecências.
Ti Debrando era, contudo, bem menos frequente do que Tição, por ter que cuidar da Caiana. Falava de forma estridente, porém bem menos espevitado do que a mulher Conceição, mais Maria e Zenrique, filhos do casal.
Zenrique, arteiro de mão cheia, era um menino bonito, que tinha sempre suas verdades próprias, mesmo diante da ululância dos fatos que as contrariassem. Mas nunca deixava de tomar a benção da tiarada, à chegada e à partida. Dizia que o pai Debrando tinha barata na goela. E que nunca a cuspia pra fora, e tampouco a engolia.
E ti Debrando tinha fé era com a pomada Belladona, que embora parecesse descoberta sua recente, fazia milagres, e o fazia receitá-la a Deus e ao mundo, em gesto de agradecimento. E passei toda uma vida matutando para o que pode servir esse bálsamo debrandiano, só para me dar conta agora - com o esclarecimento do Dr Google - de que a dita formulação alivia a dor e expele o pus, no tratamento de furúnculos. Achava que fosse mais abrangente o seu poder de cura, mas pensando bem, já tá de bom tamanho. E só a 19,90 o tubo menor, de 30 grs.