Será que ainda chove lá ?
Era um dia nublado, mais escuro do que cinza, na clareira mais afastada da civilização, Hunter tragava seu cigarro enquanto cavava um buraco no chão, não era um buraco qualquer, tinha mais um aspecto de cova rasa, as vezes ele parava pra dar mais um trago no cigarro e descansar, enquanto olhava para o céu e pensava “Como pode, nuvens tão carregadas e nem uma gota de chuva?”, parecia que já era noite, só que ainda nem era meio dia.
Ele tinha acordado muito cedo, tomou um banho de água gelada, escovou os dentes, colocou roupas bem pesadas e quentes, já que naquela área as rajadas de ventos frios castigava todos ao seu alcance. Pegou seu carro de mão, jogou a pá e enxada em cima deles, no seu bolso uma carteira de cigarro, opá! quase ele esquecia da caixa preta, deveria ter mais ou menos um metro, e parecia pesada.
Tinha terminado de cavar sua cova rasa, jogou a pá para o lado e desceu para dentro da cova, sentou- se lá, tirou outro cigarro o acendeu e pensava “Quando será que vai chover? Nesse tempo todos esperamos isso, quanto mais carregado, mais forte são as pancadas de chuva”, mas não chovia.
Ele se deitou na cova enquanto fumava, olhava para o céu e tragava o cigarro, sentia frio por causa da umidade da terra e do vento gélido. “Quando será que vai chover? Porque não chove de uma vez? Tinha tudo para ser uma catástrofe, como se a mãe natureza estivesse em fúria”. Era normal naquele local, vendavais, tempestades, o castigo dos céus.
Começava a chover, algumas gotas fracas, o tempo ficava mais frio e os ventos mais fortes, Hunter não se mexia, só sentia-se frustrado porque seu cigarro tinha apagado, um vendaval retirava árvores do chão ou as quebrava no meio, Hunter não se mexia e pensava “Droga, não posso nem fumar um cigarro, mas o tempo está lindo”
Horas e horas de ventos fortes e gelados, Hunter não estava mais na cova, suas ferramentas ainda estavam lá o buraco estava fechado, ao redor da cova tinha árvores e outros tipos de detritos trazidos pelo vento.
A família dele estava preocupada, procurou durante anos por ele, mas nunca achou o seu corpo para poder dar um enterro digno.
Enquanto isso, em uma praia exótica bem longe daquela terra gelada e sem vida, um homem vestindo uma camisa floral, bermuda e sandálias, fumava seu cigarro e perguntava para si mesmo “Será que lá está chovendo a essa hora?"