O descanso.
Meu cavalo estava cansado da viagem, a luz do dia a muito havia se despedido, as nuvens volta e meia escondiam a lua cheia. parei embaixo de uma grande árvore já morta a muito, não havia mais folhas e seus galhos ressecados abrigavam alguns pássaros noturnos, que insistiam em observar os viajantes.
Acendi uma pequena fogueira ali para me aquecer um pouco e me deitar. Alguns animais passando estalavam galhos secos, me deixando inquieto, tinha muitas vezes feitos essas viagens mas o silêncio daquele local só de vez quando quebrado estava me agonizando.
Adormeci, e na madrugada ouço alguém mexendo nas brasas da fogueira. Era um sujeito grande com um chapéu preto e a capa já suja de longas jornadas. Percebeu que o vi.
-Homem não se preocupe só vim me aquecer nesse fogo, a muito tempo estou com frio viajando nessas passagens. E por acaso não teria um cigarro para esse corpo velho?
-Tenho sim. - peguei um cigarro velho que fazia tempo que não fumava mais mas estava ali alcancei para o sujeito,
- Obrigado.- acendeu o cigarro nas brasas que ainda estavam vermelhas.
Sentou novamente e enquanto fumava, brincava com a fumaça.
Sabe você é o primeiro sujeito que tem coragem de me oferecer um cigarro, a muito tempo não tragava, desde a última vez que passei por esse caminho e me deitei aqui para passar a noite. Foram longas noites solitárias, depois de três guerras só esperava descansar, chegar em casa.
- Mas não tem guerras a anos!
-Meu jovem, meu corpo jaz embaixo das raízes a tanto tempo que foram mais de 60 vezes que essa árvore deu frutos, roubaram me e esconderam-me em uma cova, ainda ferido mas com um pouco de vida, passei todos esses anos esperando alguém me encontrar, mesmo quando as raízes estraçalharam meus ossos que agora nem existem mais.
-Mas como eu posso ver você agora?
- Veja o sol já está começando a brilhar olhe embaixo da árvore.
Para meu espanto meu corpo estava ali com o crânio esmagado por um enorme galho que se desprendeu durante a madrugada….