Pedido de namoro ou Orgulho
Pedido de namoro ou Orgulho
Ele saiu da casa dela insatisfeito. Conversa mexendo consigo. Pairando. Entendendo. Sofrendo?
Tirou uma fotografia com o selo de um beijo na parte de trás, olhou-a e guardou.
Bem que sua mãe lhe disse, não vá ainda, meu pretinho! E de cara desconfiada: tem que saber quem é essa gente. Dona Sara sabe sempre de tudo. Mas o que eles tinham mesmo? O que tinha de errado, não sabia, só sentia. Incomodava-se. Perturbava-se.
Quando decidiu por ir seu coração transbordava de sentimento. Coisa nova, aventura, namorar sério, conhecer os pais dela e tudo. Quando chegaram ela largou sua mão e foi procurar dona Sérgia e seu Francisco. Sérgia? Luís achara esse nome exótico. Seu Francisco estava do lado de fora lendo e a esposa lá em cima no quarto fazendo “qualquer coisa” no computador.
Quando ouviu os passos que vinham da cozinha e os cochichos que desciam a escada quase ia embora, planando num frio que lhe apareceu na barriga de repente.
Bom dia, disse o velho entre tremer de barrigas e esmagar de mãos.
Bom dia, meu filho, disse a “Sérgia” acenando. Tudo bem?
Tudo. E olhou sua garota, sorridente e orgulhosa atrás da mãe.
Nossa, não é que ele é bonito mesmo? Né, Chico?
Só não é mais bonito que a namorada, disse o velho olhando para filha com o dobro do olho sob as lentes grossas.
Você trabalha no ministério público, né?
Sou estagiário de lá, “sá, comé” estagiário né? Faz tudo! Estagiário é gente? Não entenderam a piada, riram tardiamente, acompanhando a filha. Chico fez uma expressão de surpresa com a confirmação de que o menino estagiava no ministério. Balançou a cabeça inacreditando e parabenizando. Naquela hora o frio na barriga ficou morno e a surpresa do sogro lhe pareceu uma coisa ruim. Uma ofensa?
Emerson Cruz