O Pequeno Tratado de um Significado
Enquanto podíamos entender de forma concisa que os quatro cavaleiros do Apocalipse eram os títulos criados pelos humanos para governarem seu mundo, com a Medicina sendo a própria morte. Uma máfia terrível que gerava riquezas através de doenças inventadas, curas ficcionais, placebos químicos zumbificando suas mentes e suportada pelas guerras, ou o segundo cavaleiro, o Direito, que pela loucura alheia de poder e ambição, criavam regras para aqueles que não tinham o título. Deveriam seguir como os verdadeiros peões que eram. Suportados pelo medo da fome, da miséria, da peste. O terceiro cavaleiro era tão terrível quanto a libitina, por que com ele o povo se sentia seguro, confortável, em tese, tranquilos. A Engenharia era medonha por que ela enganava à todos, criando espaços para que as pessoas ocupassem e se sentissem bem. Mas era um sentimento falso, por que através do quarto cavaleiro, para mim o mais abominável entre eles, a Publicidade, com seus braços longos e pernas esguias, abria aquela bocarra de dentes pontiagudos e com um veneno letal engrupia à todos. Ela era usada e abusada pelos outros três cavaleiros e gostava disso. Porém nunca saciava esse desejo de "quero mais", sempre concebendo novas formas de amedrontar e colocar o mundo jogando nas regras que esses quatro sujeitos haviam feito para seu bel-prazer.
No entanto esse tratado é sobre os outros quatro. Aqueles que abençoados sejam, de alguma forma conseguiam colocar ideias inovadoras e diferentes capazes de gerar revoluções incríveis e positivas dentro desse mundinho apático das vinte e quatro horas diárias. Tudo começa quando alguma coisa mudou dentro daquela cabeça curiosa de um sujeito peludo que estava ao lado de uma fêmea da mesma espécie. Os dois se cutucavam, procuravam pequenos insetos em seus pelos, se mordiscavam e com alguns objetos como galhos e pedras exploravam o mundo. E é com música e com desenhos pintados em paredes rudimentares, com o fogo modificando os alimentos e os instrumentos que eles usavam, que nasceu a Arte. Sólida e fluida ao mesmo tempo, por tão diversa que são seus formatos, suas maneiras, suas finalidades. Ela criou a comunicação e aquele cara parecendo um homem macaco pode conversar com a mulher símia. O pensamento também nasceu. O homem podia pensar sobre as coisas ao seu redor, entendimentos do seu ser e dos seres que viviam a seu redor. A Filosofia era fundamental para a Arte, e o contrário verdadeiro. As duas abusavam de sua liberdade e através dos tempos fez-se importante uma nova amizade, uma que poderia comprovar as teorias empíricas, que pudessem ampliar as mesmas e até criar novos estudos. Surgiu a Ciência, e com ela boa parte das regras da existência e entendimento do ser humano. E então para completar aquele sábio grupo, de exploração, práticas, e às vezes resultados, para explicar aquelas coisas que aconteciam e ninguém entendia o porque, e nem muito menos como. A religião (não esta de hoje...) tentava explicar o além, o que vinha depois da nossa passagem mundana. Tentava de mãos dada com a filosofia analisar esses fantasmas, essas energias cósmicas, esses arrepios de cabelo. Ela era perfeita para amarrar as outras três grandes áreas da sabedoria. Juntas, Artes, Ciências, Religião e Filosofia mostravam um belo embate contra os cavaleiros apocalípticos, e deixavam por vezes o mundo de cabeça para baixo, para mostrar que todos podiam muito mais do que lhes era apresentado e oferecido.
Esse tratado é um pedido para a quinta força, a Educação. Todas juntas podem mudar tudo, elevar de verdade o ser humano a um patamar inimaginável de sabedoria, prazer e compartilhamento. Pois através dela pode-se criar e até apontarmos diversos caminhos, o ponto importante do Sentido. Talvez não dê tempo para a resposta final, aquela que nos pareça concreta, mas com certeza aponta algumas acepções, o real Significado, o criador.