Remetente desconhecido

Elaine Parsons abriu a porta de vidro do edifício onde residia, e ao subir as escadas que levavam ao hall dos elevadores, foi saudada pelo porteiro, que ergueu-se detrás de sua escrivaninha.

- Srta. Parsons, boa tarde!

- Boa tarde, Franklin.

O homem apanhou uma caixa branca que estava sobre a escrivaninha e aproximou-se dela.

- Encomenda para a senhorita.

Surpresa, ela apanhou a embalagem: era de uma floricultura. Pelo celofane transparente, pode ver um buquê de tulipas vermelhas.

- Muito bonitas. Quem as entregou?

- Um garoto de bicicleta... um entregador, creio.

- Não tem cartão acompanhando?

- Não, senhorita. Apenas as flores.

- Curioso - comentou Elaine. - Grato, Franklin.

E apertou o botão para chamar o elevador.

* * *

Ao chegar ao apartamento, Elaine pôs as flores num jarro de porcelana na sala, e após sentar-se na poltrona ao lado do telefone, pegou o aparelho e discou para o número da floricultura impresso na caixa que recebera. A ligação foi atendida no segundo toque, por uma mulher.

- Flores Dawson, boa tarde.

- Boa tarde, meu nome é Elaine Parsons. Recebi flores enviadas de sua loja a pouco... e não estavam acompanhadas de cartão.

- Que espécie de flores, senhorita?

- Tulipas vermelhas.

- Apenas para confirmar se era realmente a destinatária da encomenda... - justificou-se a atendente.

- Sim, entendo - retrucou Elaine, desconfiada. - Gostaria que me descrevesse a pessoa que efetuou a compra.

A voz do outro lado fez uma pausa, como se estivesse tentando se lembrar de todos os detalhes.

- Mulher, atraente, cerca de 25 anos de idade, olhos azuis, cabelos castanhos pelos ombros, vestindo um terninho estilo Dior, blazer e saia lápis, cinza-escuro. Sapatos "baby doll", pretos, de salto médio. Bolsa preta.

Elaine engoliu em seco. A atendente acabara de descrevê-la, e a roupa que estava usando.

- E... essa mulher fez algum comentário? - Indagou Elaine.

- Não... apenas deu o seu nome e endereço, pediu para que fosse entregue antes das 18 h, e pagou, em dinheiro.

- Grata pela informação - respondeu Elaine, aturdida.

E desligou.

* * *

Na manhã seguinte, Elaine entrou na Flores Dawson. A balconista sorriu ao vê-la.

- Bom dia! Espero que tenha apreciado os nossos serviços!

- De fato, vim fazer uma nova compra...

- O mesmo de ontem? - Perguntou a balconista, indicando vasos cheios de tulipas vermelhas.

- Tulipas sim... - ponderou Elaine. - Mas quero enviar amarelas, desta vez.

- Excelente escolha! - Declarou a balconista.

- E vou acrescentar um cartão, desta vez.

- Ótimo! A destinatária pareceu ter ficado confusa ontem...

- Isso não vai mais se repetir - informou Elaine.

Pegou um cartão da floricultura e escreveu algumas linhas. Depois, colocou-o num envelope e fechou-o, entregando-o à atendente.

- Até às 18 h - especificou.

- Será feito - prometeu a balconista.

* * *

Naquela noite, ao chegar em casa, Elaine Parsons foi saudada pelo porteiro, que ergueu-se ao vê-la.

- Senhorita Parsons! Chegou outra encomenda!

Elaine subiu vagarosamente as escadarias de mármore.

- Flores, Franklin?

- Sim, senhorita.

E apanhou a caixa que estava sobre a escrivaninha, estendendo-a para ela.

Quando olhou pelo celofane transparente, Elaine viu que se tratava de um buquê de rosas.

Brancas.

- [07-04-2018]