CONCERTO PRA SOLIDÃO

barco à deriva num mar de concreto chuva não chega e me molho com a viscosidade da pele de tanto olhar o infinito me finito tergiverso com as sombras que vazio é angústia os flashes das tevês explodem nas janelas dos apartamentos verborragia da intolerância alimentando egos subnutridos ponho um esquente e me esquento no parque caminhando e correndo pra perder peso de consciência por ser tão omisso imprenso minha massa cinzenta com projetos que não saem da vontade em quereres covardes pessoas passam por mim e não sei o que elas pensam o que elas pesam o que elas pecam sei que sou que nem roda-gigante nesse parque de diversões como personagem de literatura fantástica e o leitor pouco entende porque nem o autor entende autor ator ato atemporalidade da ficção destalento de juan rufo a vida é alvo de esperneio dos hipócritas e eu paro de correr porque o tempo tá muito afoito e quer me tragar volto ao apartamento e canto a solidão num concerto semitonado

Matuto Versejador
Enviado por Matuto Versejador em 07/01/2018
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