O FANTASMA DA PESCARIA.
Zé Antonio um dos antigos moradores de Tapioca, toda tarde gostava de sentar embaixo da mangueira e a turma já sabia. Tinha estória pra contar. Não admitia que chamassem suas conversas de mentiras. E dizia: mentiroso não sou, e sim um observador mais atento dos fatos da vida.
Mas vamos lá a essa mais nova estória.
Sentado de pernas cruzadas, ar sério pra impressionar a plateia ouvinte, começava assim a conversa:
Há tempos, já passados que nem me lembro mais o ano, a noite estava mais escura que o costume. Sai de casa, para fazer minha pesca de Lambaris. Estava na época dos bichinhos. Então rumei para a ribanceira; apetrechos da pesca apostas, sentei na beira e comecei a pescaria. Estava meio cansado aquele dia. Tinha passado à tarde toda na labuta. Meio sonolento, corpo mordacento. Mas o vício da pesca era mais forte.
Hoje os peixinhos estavam poucos.
De cada dez linhadas um ou dois eram fisgados.
Já quase desistindo, de repente olhei pro outro lado do rio. Enxerguei uma luz que aumentava e diminuía. Mudava de cor. Achei aquilo esquisito. E o pior é que ela se aproximava do lado que eu estava. Foi chegando e aumentado de tamanho. Fiquei ofuscado, doendo os olhos e a cabeça. Senti que estava sendo arrastado e flutuando. Olhos fechados
Escutei um zumbido crescente. Fui abrindo os olhos devagar e me vi em uma sala muito clara com paredes que pareciam de alumínio. Um bicho com cabeça de Tatu e corpo de Ema, me olhava e falava com uma língua esquisita. Nessa hora minhas pernas tinham virado mingau. Os braços tremiam e a barriga doía. Gritava por Socorro, a voz não saia.
Só sei que achei uma porta aberta, aproveitei pra correr. Em disparada só parei quando cheguei em casa. Entrei quase sufocado. A minha mulher espantada perguntou;
___Que diabo foi isso homem? Tu não tava pescando?
___Fui atacado por bichos do outro mundo. Disse ainda amarelado.
___Que bicho de outro mundo, homem Vai tomar banho. Aproveita joga essas calças fora, que estão todas sujas de Merda. E só me aparece limpo e cheiroso aqui com fantasma ou sem fantasma.
Foi mais uma das estórias de Zé Antonio.