O jardim da felicidade
Conto extraído do livro
“As alegrias da vida” (Autor desconhecido)
O casal de enamorados ultrapassou o portal do jardim da felicidade, diante deles surgiu uma belíssima estrada margeada por flores belíssimas exalando perfumes inebriantes, borboletas multicoloridas esvoaçando, pássaros de belíssimas plumagem trinando entre frondosas árvores criavam uma atmosfera de encantamento, o sol em seu esplendor em meio a um céu profundamente azul sem nuvens emitia raios de ternura deixando uma temperatura extremamente agradável alegrando os corações dos enamorados.
Caminhavam abraçados profundamente felizes trocando juras de amor, parecia impossível tanta felicidade, aos poucos estes pensamentos começaram a domina-los, estaria acontecendo mesmo? Tanta alegria? Tanta ternura? Tanto carinho? Tanto amor? Eram merecedores de tanta felicidade?
A suave brisa perfumada foi se tornando um vento forte e logo já era uma forte ventania, nuvens escuras surgiram no horizonte cobrindo a luz solar, o som dos cantos dos pássaros sumiu, em seu lugar surgiram trovões com raios estalando na atmosfera, um verdadeiro vendaval acometeu a estrada, uma terrível tempestade se tornou eminente.
O casal pensou em procurar um abrigo para se abrigarem, impossível, não havia abrigos e ficar debaixo de uma árvore seria temerário um raio poderia atingi-los.
Uma verdadeira tromba d´agua caiu sobre eles os deixando molhados, parecendo que lhes molhou até a alma.
Tiritando de frio ficaram na duvida se deveriam prosseguir debaixo do temporal ou recuar.
Resolveram seguir, o jardim parecia bem próximo, quem sabe lá encontrariam um abrigo.
Com a tempestade a estrada se tornou um amontoado de barro, coberta por galhos de árvores retorcidos dificultando a caminhada mesmo em meio à tormenta decidiram prosseguir.
De repente de dentre as moitas surgiram monstros horrorosos que os atacou impiedosamente, o casal já não estava mais de mãos dadas, a luta pela sobrevivência se tornou vital, cada um passou a lutar com seus monstros que se tornaram incansáveis em agredir, a única saída possível, foi recuar, quanto mais recuavam mais os monstros os atacavam.
Finalmente atravessaram o umbral da saída, os monstros pararam o ataque.
Os dois estavam extenuados pela luta pela sobrevivência, as vestes rasgadas destruídas, estavam quase desnudos, a emoção aos frangalhos, só ansiavam ir para casa para tratar as feridas causadas pelos monstros, tomar um banho se vestirem estancar os filetes de sangue que estavam por todo o corpo, e descansar, era o único pensamento que os movia.
Mas, alguma coisa os segurava diante do portal do jardim da felicidade.
Olharam-se, onde estava o encanto, o amor que os unira?
Pareciam agora sombras do que eram, no entanto alguma coisa lá no intimo de cada um dizia que se desistissem, poderiam perder o pórtico de entrada do jardim, encontra-lo novamente se tornaria quase impossível.
Mas não seria melhor ir embora, se tratar e retornar mais adiante quem sabe até em outra parceria?
Novamente olharam-se profundamente, será que teriam outra chance?
Surgiu um impasse, o que decidir? Valeria a pena tentar novamente?
A tempestade diminuiu o seu furor, se tornando uma leve chuva, o céu ainda coberto de nuvens escuras permitiam uma leve claridade solar.
Sabiam que para prosseguirem precisariam superar o cansaço, enfrentar a tempestade, muita disposição com coragem para enfrentar todos os monstros que encontrassem pelo caminho, a luta agora não seria mais individual estavam a dois.
Também, para prosseguirem seria preciso retirar todo barro e pedaços de madeira que obstruíssem a passagem, esperar que o caminhar secassem os seus corpos, e curassem as feridas, teriam que continuar com as mesmas vestes que estavam danificadas.
Finalmente veio a compreensão: dependia deles restaurarem a estrada em sua beleza inicial.
Pois, criaram a tempestade com suas mentes ao recear a felicidade.
Respiraram profundamente restaurando as energias.
Resolutamente se deram as mãos, adentraram ao umbral.
Felizes sentiram que o jardim é apenas uma meta a ser alcançada, a verdadeira felicidade se encontra ao trilhar o caminho.