A Aflição de um Meteoro.
A Aflição de um Meteoro.
Estou caminhando por volta de 80 anos luz da Terra, o que seria um dia de carro, em termos humanos.
Não sou rápido como um cometa. Sou como uma tartaruga estelar; sou como uma lagarta cósmica.
Tenho o tamanho de uma pequena cidade, de 7 mil pessoas, ai da Terra. Por isso, quem sou eu perto de um planeta? Nada, pois eu nem arranho um.
O problema é caso haja vida nele, como tem na Terra; eu destruo tudo.
Estou fazendo uma curva em Saturno, meu último grande obstáculo aqui no sistema solar de vocês, pois este planeta é um grande cemitério de meteoros, que não me deteve.
Nasci num lixão da Via Láctea, cheio de entulho dos planetas que se formaram a bilhões de anos. Peguei carona nas ondas do mar da gravidade, com seu campo gravitacional. Eu venho surfando no rastro dos cometas. Sou atraído pelo mesmo Sol que dá a vida na Terra.
Passei por Marte e agora estou rumando em direção a Terra. Inevitavelmente a atingirei. Espero que não no meio de um oceano de vocês, pois eu levaria ondas de 50 metros em cima dos mares, fora os terremotos e os vulcões que eu poderia acordar.
Quando eu aparecer no céu da Terra, muitos pensarão que eu sou uma estrela cadente. Farão até desejos. Mas eu trago a morte.
Posso chegar a qualquer momento, até no meio de uma guerra mundial.
Vocês não fazem ideia da minha letalidade.
Existo sem motivo. Vivo a esmo.
Sou um meteoro, com o corpo frio e metálico. Sou um ser ou uma coisa?
Vocês não fazem ideia, mas a Terra é como uma bola de sinuca. Há um “sinuca” cósmico, no qual o taco é o acaso.
Eu poderia dizer que há um boliche em algumas galáxias, nas quais cometas são arremessados contra planetas.
Pensem nisso: há quanto tempo não cai nada na Terra?
Pensem nisso.