A PESCARIA.

    TODO DIA , MESMA HORA, O SOL JÁ QUASE SUMINDO NO BEIRAL , ZÉ MARIA DESCE A RIBANCEIRA , SENTA NUMA PEDRA COM OS PÉS TOCANDO NA ÁGUA, AGORA MANSINHA, FICA COM O OLHAR PERDIDO NO HORIZONTE, COMO SE TIVESSE PROCURANDO ALGO OU UMA RESPOSTA DO RIO PARA SUAS TRISTES RECORDAÇÕES.
    JÁ FAZ TEMPO , EMBORA O LUGAR SEJA OUTRO , MAS O RIO TRAIDOR É O MESMO.
    ME DISSERAM QUE A ÁGUA QUE PASSA VAI EMBORA . NÃO VOLTA MAIS NÃO. QUAL O QUÊ...PRA MIM PARECE SER SEMPRE A MESMA.         TUDO COM CARINHA DE MANSA PARA ENGANAR OS BESTAS .
    RESPOSTAS PARA MINHAS INDAGAÇÕES, NADA. ACHO  QUE UMA AVISA A OUTRA : DEIXA AQUELE MATUTO SOFRER. O CHORO DELE SERVE PARA AUMENTAR NOSSA FAMA POR ESSAS PARAGENS.
    OLHANDO  ASSIM , NÃO SE DIZ QUE TODA A  CALMA   QUE   PASSA JUNTO COM  AS ÁGUAS,  DEU LUGAR A UM MOVIMENTO REVOLTOSO, COMO   SE    QUISESSE    ARRASTAR   TUDO ,   DEMONSTRAÇÃO DE PODER DA NATUREZA SOBRE O HOMEM E DIZER QUEM MANDAVA EM QUEM.
    É   JUSTAMENTE   NO MEIO  DE    TODA    ESSA     FORÇA,    QUE   TUDO  ACONTECEU.
    TINHA  AMANHECIDO TEMPO  BOM. COMO  COSTUME PEGUEI OS REMOS. SEMPRE   GUARDAVA   ENCOSTADOS    ATRÁS   DA PORTA , ACORDEI ZEQUINHA. MENINO ESPERTO, MEU FILHO MAIS VELHO. IA SER BOM PESCADOR. DESDE PEQUENO ACOSTUMEI ELE NA LABUTA.
    ESSE DIA , LEVANTOU MEIO RESSABIADO. UMA PREGUIÇA NO CORPO, DESCONHECIDA E SONOLENTA.
   MAS FOI POR POUCO TEMPO.
   LOGO A ESPERTEZA TOMOU CONTA E DESCEMOS RUMO AO RIO, DEPOIS DE TOMAR  UM CAFEZINHO.
    MAIS UM DIA NA VIDA DE PESCADOR, BUSCAR  O SUSTENTO DA FAMÍLIA    COM   A    VENDA   DOS    PEIXES.    
    ZEQUINHA NO SEU LUGAR PREFERIDO DA CANOA ,  A   PROA.
    FOMOS DIRETO PARA O PEDRAL. TINHA DADO NA PESCARIA PASSADA UNS TUCUNARES GRAÚDOS. QUEM SABE HOJE , COM SORTE DAVA DE NOVO.
    MEIA HORA DE PESCA  E  PEIXES  GRAUDOS .
    TEMPO COMEÇOU A  FECHAR. VENTO FORTE CHEGANDO. A  ÁGUA SE AGITANDO ,  EM UMA DISPUTA  COM A VENTANIA.
    RUMAMOS PARA A BEIRA. A   VELOCIDADE  DA ÁGUA JOGAVA  E BRIGAVA COM A CANOA , COMO FOSSE UM  BARQUINHO DE   PAPEL.     DESVIÁVAMOS DOS REBOJOS. MAIS  TRAIÇOEIRAMENTE  UM   VIROU  A  CANOA ,    LEVANDO   OS PEIXES    DE    VOLTA.
    E   JUNTO    FOI    ZEQUINHA.  
    DESAPARECERAM  NAQUELE  FUNIL  AGITADO.  TENTEI AGARRAR   O  MENINO,    MAS    A     ÁGUA    PARA    DEMONSTRAR    MAIS SEU PODER , ME   JOGOU   PARA O LADO OPOSTO.
    TENTATIVAS , TENTATIVAS   E   NADA.
AGORA , OLHANDO PARA AS ÁGUAS , FICO  A  MATUTAR :  SERÁ QUE O RIO LEVOU ZEQUINHA , DESCONTANDO OS SEUS FILHOS PEIXES, QUE TANTAS VEZES LEVEI PRA CASA E ME FAZER SENTIR A DOR DA PERDA?
     MAS O RIO NÃO ME RESPONDE.