A OVERDOSE

M. T. C. , ao longo de muitos anos, adepta de terapias alternativas, por motivo desconhecido resolveu abreviar a própria vida. Coerentemente com sua filosofia , tentou suicidar-se holisticamente: ingeriu 50 frascos 100 ml de compostos homeopáticas diversos, de uma só vez. Deitou-se e esperou a morte. Adormeceu calmamente. Horas depois acordou. Nada. M.T.C. não estava morta. Falhara a homeopatia. Tentou de novo. Agora mais 100 frascos diversos. Dobrando a dose, quem sabe? Aguardou. Agora acordada. Nada. 8 horas. 10 horas. Mais algum tempo e permaneceu viva. Sequer um tremor, nem suor, nem falta de ar, nem aceleração cardíaca. Apenas precisou ir ao banheiro, duas vezes, expelir parte do líquido ingerido, graças ao eficiente trabalho dos rins e ao bom funcionamento de seu aparelho urinário como um todo. Urina normal, translúcida, sadia. E agora? Suicídio holístico qual nada! - pensou. Não viu outro jeito. Apelou para a alopatia: 30 comprimidos de Rivotril, 2 mg. Uma hora depois M. T. C. estava inerte e rígida. Transformou-se em cadáver como era seu desejo. Depois de encontrado o corpo de M. T. C., instaurou-se a polêmica: uns pensam que foi o Rivotril que a matou; outros que foram os homeopáticos, pois como se sabe – argumentaram esses - a Homeopatia, até por seu caráter holístico, ao contrário dos alopáticos funciona lentamente, mas funciona. É preciso paciência para se obter resultados efetivos esperados.