A GRANDE AVENTURA: 2 - Um Novo Patamar de Consciência

Aos poucos, Patrícia percebeu que, para que mantivesse o controle constante de seus pensamentos, tinha que permanecer todo o tempo vigilante. Qualquer distração a que se permitisse, as palavras, sons e imagens surgiam em sua mente, dando forma a pensamentos vagos e descontrolados. A vigilância devia ser permanente.

 

Surpresa, deu-se conta de que a vigilância não era feita de pensamentos. Não requeria o recurso das palavras. Era apenas a sua atenção consciente e permanente, com foco na mente, como quem vigia a porta, impedindo a entrada de pessoas não autorizadas. Era uma entidade nova que, embora tivesse estado sempre à sua disposição, somente agora dela Patrícia tomava consciência.

 

Percebeu que utilizar-se do vigilante era ver a si própria de uma outra perspectiva, era abandonar sua identificação com seus pensamentos para identificar-se com o “vigilante”: “eu percebo e controlo meus pensamentos, portanto não sou meus pensamentos”. Agora, ela era o próprio vigilante. Sua consciência plasmou-se nele. Era dona de sua mente; enxergava de um novo patamar. Desvinculava-se de seus próprios pensamentos.

 

Patrícia deleitava-se com o exercício. Descobrira uma entidade dentro de si mesma que lhe dava uma nova perspectiva de si própria. Persistindo no exercício, Patrícia notou uma coisa curiosa: agora, mesmo quando permitia palavras, sons e imagens vagas em sua mente, o vigilante ainda permanecia consciente de si mesmo. Ele “via” os pensamentos fluindo na mente (“olha só o que eu estou pensando!”) e, quando se concentrava neles, apenas observando-os, sem neles interferir, eles desapareciam. Percebeu que, na realidade, a vigilância não requeria esforço. Bastava o vigilante observar para que os pensamentos sumissem. Mas, sem a observação do vigilante, os pensamentos eram desconexos, vagos, muitas vezes sob a forma de devaneios e fantasias.

 

Aos poucos, Patrícia adquiria versatilidade no uso da vigilância. Se quisesse pensar de forma controlada, interrompia o fluxo das fantasias, selecionava as idéias que queria liberar na mente e permitia o fluxo das palavras. Assim, os pensamentos emergiam de acordo com sua vontade, com o vigilante atento, mas sem interferir. Entendeu que podia modular sua consciência entre os pensamentos e o vigilante, e sentia uma elevação de estatura espiritual, quando sua consciência ancorava-se no vigilante.

 

Assim, Patrícia tornou-se mais seletiva em relação a seus pensamentos, e sua meditação era muito mais eficaz. A prática continuada da vigilância passou a se refletir em seu estado emocional, agora muito mais equilibrado. O controle da mente permitia que selecionasse pensamentos positivos, causadores de bons sentimentos, alegria e paz, e rejeitasse pensamentos negativos, que só lhe traziam desequilíbrio. Programas de TV, livros, notícias, conversas..., tudo passou a ser objeto de censura prévia. “Porcaria não entra”! Sabia que disso dependia, seu equilíbrio e sua paz.

 

Finalmente, Patrícia sentiu-se pronta para visitar seu mestre. No dia marcado, na sala de Prestus, contou, em detalhes, toda a sua experiência. Segura de si, tinha a certeza de que estava conseguindo trilhar o caminho por si própria. Prestus assumiu a palavra:

(continua)

 

Roberto Guelfi
Enviado por Roberto Guelfi em 09/12/2016
Reeditado em 21/04/2024
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