DE MÃE PARA FILHA
Debaixo de uma fina chuva Mariana corria sem parar pela beira do asfalto, enquanto sua cabeça parecia explodir e uma dor continuada e aguda feria sua garganta. Precisava percorrer longos seis quilômetros para chegar finalmente a casa da avó aonde cairia em choro convulso enquanto uma febre lhe faria tremer toda e mal ia conseguir falar sobre o que a fizera despencar de sua casa desse jeito. Ao ouvir a avó dizer que era preciso avisar seu padrasto e sua mãe, Marina soltou um grito e desmaiou. Então a mulher vivida que tinha lá suas memórias de seus distantes doze anos, intuiu algo que a deixou arrasada.
- Quando a mãe chegou ao amanhecer e lhe foi relatado o fato, olhou para a filha e falou:
- Isso não é verdade, tu deixa de inventar coisa. Tu andou se fresqueando pro Zé? Ele não ia fazer isso, não. Isso deve ser ciumeira dos teus irmão pequeno que são filho dele de verdade!
E olhando direto pra Marta:
-Outro dia, ela veio com umas histórias de que o Zé tava bulindo com ela, botando a mão nela quando dormia. Deve ta sonhando e guria nova assim, a senhora vê, já pensando em bobagem.
A avó, com voz contida mas firme, falou:
- Deixa a menina aqui comigo, Cema. Eu me entendo com ela. Mas ouve bem uma coisa: tu pode estar cega porque tem dois filho pra criar e inda por cima morre pra ficar com este tipo, mas ela ta falando a verdade.
- E agora , some daqui!