O dia em que fui resgatado pelo Guerreiro Azul - Parte I

Eu andava perdido por um vale estranho, quase tudo ali era muito escuro, praticamente não se via nada. Apenas uma vaga luminosidade me permitia ver que eu poderia percorrer por um caminho que parecia ter sido propositadamente criado por alguma inteligência desconhecida. Mesmo assim eu receava seguir. Parei por alguns instantes procurando respirar melhor e adquirir força para continuar adiante. Fazia tanto tempo em que eu vagava sem rumo por aquelas terras sombrias, que eu apenas andava por andar, como um zumbi que não sabe para onde vai.

Olhei para o céu como de costume, tudo era negro e cinzento. Caía suavemente algum material que parecia cinzas do céu. Talvez fossem oriundas de algum vulcão em erupção que poderia existir naquela região. Mas nunca era possível ver muito além no horizonte. Tudo era muito escuro. E eu nunca havia percebido qualquer brilho vermelho-alaranjado que me revelasse a lava de algum vulcão em atividade em parte alguma dos lugares que eu já havia percorrido. Porém aquelas cinzas... sempre caíam.

Sentia o tempo todo meu corpo coberto com estas cinzas. Tinha constantemente que passar uma das mãos no rosto para limpar parte daquela cinza que, às vezes, entrava em meus olhos e comprometia-me ainda mais a visão. Os únicos pedaços de roupa que eu tinha eram uma camisa branca suja toda rasgada e um pedaço de pano que cobria meu quadril e que um dia fora uma bonita calça preta. E o par de sandálias de couro surrado que eu usava, já não sabia se aguentariam por muito tempo...

Estava nesta situação quando repentinamente vi surgir no horizonte, vindo daquele céu tenebroso, uma espécie de raio de luminosidade muito branca que cortou o céu e se precipitou no chão há cerca de 1,5 km diante de mim. Raios e relâmpagos eram muitos comuns naquela região obscura e inóspita. Mas aquele raio(?) era muito estranho e o que sucedeu depois me deixou perplexo!

Assim que aquele raio misterioso tocou o chão, um altíssimo estrondo se fez ouvir e logo um imenso clarão iluminou toda aquela paisagem! Parecia como se de repente um Sol de portentoso brilho branco tivesse descido naquelas paragens. Contudo, essa luz fortíssima e resplandescente não durou muito em sua grandiosa intensidade e foi se apagando... Para a minha visão aquilo era realmente incrível!

Depois deste brilho intenso, que não durou mais de alguns segundos, tudo foi se conformando novamente à obscuridade típica daquela região. O brilho se apagou. Porém, depois de alguns segundos - talvez uns 40 segundos - outra vez algo surpreendente e misterioso começou a acontecer! Eu não podia acreditar no que via!

No mesmo local onde aquele "raio" branco caíra fazendo surgir aquele inacreditável brilho e estrondo, algo começou a surgir dali... era uma luz... não! eram muitas luzes! Meu Deus! O que era aquilo!? Da quase total escuridão em que aquele ambiente se encontrava novamente, logo tudo voltou a estar iluminado por vários tons multi-coloridos de luzes! Era como se um caleidoscópio de luz viesse daquele lugar. Acho que todos já viram aquelas esferas de luzes coloridas que existem em alguns eventos festivos do mundo. Era como se uma daquelas esferas estivesse ali, em tamanho gigante, emitindo seus raios de luz multicores! Aquilo realmente foi muito assustador para mim, no entanto muito fascinante! Tenho certeza de que em meus olhos admirados e assustados, refletia-se todos aqueles matizes de luzes e cores! Eu via cores violeta, verde, rosa, branca, amarela e algumas cores que para ser sincero eu nunca havia visto até então! Fica difícil até por em palavras quando nosso cérebro não tem referências para aquilo. Mas posso dizer seguramente o seguinte: Era um show fascinante de se ver!

Depois que este brilho multicolorido surgiu emitindo seus raios para todos os lados, creio ter passado uns 2 minutos e novamente algo começou a acontecer! Pensei que aquele espetáculo todo não teria mais fim!

Desta vez notei que aquela massa de luz colorida começava a tomar algum tipo de forma padrão e para meu já espantado espanto, notei que as formas que se configuravam ali eram-me algo muito familiar...

(Continua...)