280 Mil idiotas
Nossa estória começa em uma pequena cidade chamada Idiotatown há muitas e muitas milhas daqui em outro mundo, o mundo dos espertos. Idiotatown podia muito bem passar por uma cidade qualquer do nosso Brasil, daquelas miúdas onde todo mundo se conhece. E não é que a cidade tinha tudo para dar certo?
A cidade foi construída ao redor do grande lago ID que atualmente não é tão grande pois metade dele foi tomado por cem mil idiotanos que moram em aterros feito pelo famoso, que Deus o tenha, prefeito Barros Morsa. O lago é tão grande que competições de travessias são realizadas anualmente e nenhum idiotano conseguiu fazer sua travessia a nado. Idiotatown é rodeada por duas montanhas que exatamente no dia 21 de Julho o sol nasce bem no centro entre as duas parecendo um ovo quente na mesa do café da manhã. Antigos moradores diziam que este era o dia das rezas. É diziam, pois atualmente continua nascendo mas não pode ser mais visto. Foi construído um grande monumento ao sol. Turismo uma vez ao ano não compensa - justificaram-se. Foi uma obra gigantesca. Desviaram o rio Ota, construíram a maior hidroelétrica do mundo dos espertos, todos idiotanos ficaram um pouquinho mais pobres (tudo pelo turismo) e agora um grande sol de plástico, meio laranja brilha entre as duas montanhas. Quem esqueceria, obra de Paulo Maluz.
Idiotatown possui uma população de 280 Mil idiotas todos orgulhosos de serem do mundo dos espertos. Não foi ao acaso o nome Idiotatown. Conta a lenda que o primeiro morador, um religioso venho catequizar os índios, antigos moradores que nunca foram moradores oficialmente. Construiu uma casinha, uma igreja as margens do ID que foi considerada a primeira casa de um idiotano. Os índios nunca entenderam direito esta estória de Deus único mas o padre Anchiota tinha a 'Grande Boca de Chumbo' uma winchester 44 cano duplo por bem eles acharam melhor abandonar os vários Deuses.
De lá para cá a cidade cresceu. Vieram mais padres, tomaram várias terras férteis e construíram mais igrejas. Vieram magnatas e varias fábricas de sapinho de borracha foram construídas. É claro sem preocupação nenhuma com o pobre ID.
Sapinho de borracha é mania nacional. Foi desenvolvido um a pouco tempo que dá quatro mortais, bate no peito e canta o hino nacional - "As margens do ID ouviram-se sapos..." Existiam muitos sapos as margens do ID. Sapo é o mascote símbolo de Idiotatown. Faz parte do linguajar da moçada, Vou pagar um sapo. Vai catar sapinho. De sapo em sapo a galinha enche o papo. Hoje Idiotatown importa tudo menos os sapos. Estes são exportados a todos os cantos. Pena que um sapo vale menos que cinco quilos de arroz mas isso não importa muito, diz os menos idiotas, afinal tudo pelo sapo.
Idiotanos tem manias estranhas. Quando vai ter um aumento, por exemplo combustível que é sempre na calada da noite, os governantes para minimizar o choque avisam e vários, milhares de idiotanos fazem filas nos postos não para protestar mas para garantir a gasolina no tanque a preço antigo. Afinal somos do mundo dos espertos acima de tudo.
Cem mil idiotanos trabalham na grande fábrica de sapos e por incrível que possa parecer nenhum deles sabe quanto vai ganhar no mês seguinte. O idiotano dono da fábrica, este já nem se diz mais idiota, ele é esperto. Tem sapos vendidos para os próximos três anos não em idioteiros mas dólares. Tudo é culpa da inflação configurada aqui como um grande sapo que cospe fogo. Ninguém viu a inflação mas ela existe contam as professoras aos pequenos idiotinhas que ainda não são idiotanos. Uma vez um deles perguntou onde estava a inflação. A resposta veio rápida. A inflação está no vendedor que aumentou o preço do sapo, o preço do sapo foi aumentada em função do combustível que fora de Idiotatown custa a mesma coisa mas aqui é mais caro. É muito simples. A inflação anda de barco. Como o combustível está mais caro fica mais caro transportar combustível por estar mais caro transportar cada vez que se transporta fica mais caro. Nem todas as crianças entendem mas até os mais anciões idiotanos se convencem.
Em suma sou idiotano, gosto de Idiotatown, me orgulho de ser idiotano. Sou um em duzentos e oitenta mil idiotas. Mas uma coisa eu me pergunto sempre: "Até quando vou engolir sapo?" Por isso resolvi contar um pouco da vida de cada um dos idiotanos típicos de Idiotatown.