DIAS ESTRANHOS...

Os olhos já não enxergavam com tanta claresa. O raciocínio andava meio devagar. Os pés não obedeciam aos comandos do cérebro com a mesma destreza de antes, entretanto, a riqueza das experiências acumuladas ao longo dos anos era seu legado, seu tesouro cujas traças não corroiam… Sim, sou rico, pensava ele, sentado diante da janela do vigéssimo andar, em sua poltrona Vitoriana.

Dias estranhos para se viver…

Todo conhecimento humano depositado em bytes. Qualquer dia iremos visitar o Louvre e veremos um quadro “digitalizado” da Madonna de Michelangelo em uma tela de led na parede… Qualquer dia desses serei atendido por um robô na emergência do hospital… Quem sabe, até comprarei uma passagem para Marte… Ôpa! Essa opção já existe, não é mesmo?…

Dias estranhos par…

Algo esta errado! Não sinto meus pés, meus braços! Sensação estranha, pareço flutuar, uma levesa que não sentia desde… Ah! Que beleza o ser que se apresenta a minha frente, a luz da sua aura me traz uma paz e então sorrio para aquele rosto angelical que, sem mexer os lábios me dizia:

- Bem vindo de volta ao lar…