UMA XÍCARA DE CAFÉ

– Professor Girafales!

– Dona Florinda!

– Que milagre o senhor por aqui...

– Vim lhe trazer este humilde presente...

– Não quer entrar para tomar uma xícara de café?

– Não seria muito incômodo?

– Oh, claro que não!

– Depois da senhora...

Entra ano, sai ano, a mesma cena, o mesmo enjoativo café.

E Dona Florinda querendo algo mais sério, e o Professor Girafales sempre saindo pela tangente.

Um belo dia, após o primeiro gole, ele passa mal. Aquele homem enorme cai ao chão, agonizando. Parece um enfarte, mas não é.

Depois, na polícia, Dona Florinda confessa o crime. Ao invés de açúcar, pusera no café estricnina:

– Aquele safado tinha outra família, seu delegado! Por isso sempre fugia do assunto quando eu falava em casamento! Canalha, sem-vergonha!

Foi mandada para um presídio feminino em Acapulco.

(R.I.P. Rúben Aguirre, eterno Professor Girafales)

Abraão Baêta
Enviado por Abraão Baêta em 17/06/2016
Código do texto: T5669954
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