O tesouro de Elzinha

Bela, jovem, de altivo porte, e do lar, bem de adular, Elzinha estacionou seu Dodge Charger, último modelo, na frente da clínica e subiu apressada. Seu Rolex, pontualíssimo aproximava-se das três da tarde e Elzinha jamais se atrasara em seus compromissos.

A longa espera na fila do elevador foi penosa, mas não chegou a fazê-la perder a compostura. Segura de si, era uma dama, e pra quê drama? E foi só no no décimo-primeiro andar que se deu conta de que esquecera a razão material de sua visita ao laboratório. Parou, e desceu pelas escadas mesmo no afã de recuperar a caixinha de jóias que havia deixado sobre o banco de carona do automóvel. Tinha pressa agora.

E qual não foi seu desapontamento - e por quê não, um tanto de sensação de vingança - ao se deparar com a janela estilhaçada daquele mimo que ganhara do fidelíssimo - ou fu? - marido: a caixa de jóias não estava mais lá. Levara-a um meliante que na pressa nem a teria aberto para certificar-se de seu valioso conteúdo: uma latinha de material fecal para exame de fezes...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 18/05/2016
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