Vulcão
No peito trago o cansaço, trago também a dor de ser, carrego um fardo que não sei de onde vem, sinto uma dor descomunal, o tédio é meu companheiro de todas as horas, os humanos me enojam cada vez mais. Sinto muito... perdão por sentir tanta antipatia, vivo o siso desde o nascer do dia ao nascer da lua, não rio mais, não tenho felicidade. Decepcionado comigo mesmo já não sei quem sou nem para onde vou, a vida me levou para não sei onde. Meu Deus! Se tu és mesmo Deus, arranca de dentro de mim essa massa de tristeza, ansiedade, angustia e essa cede de não querer nada, que faz de mim um morto-vivo, sem esperança de um amanhã. Meu Deus... Se és realmente poderoso, faz-me feliz, não quero riqueza, brilho, fama nem ouro nem prata, quero apenas ser feliz. Vejo os pássaro em revoada e imagino que seria melhor ser um débil pardal, pelo menos teria asas para voar e voaria para bem longe, longe de tudo e de todos. Eu, solitário, escolheria morar à beira de um vulcão, lá cultivaria a mim mesmo, e a lava vulcânica limparia meu interior, eu seria novamente menino, só que com asas. Ah! Quanta inquietude, quanta tristeza tenho dentro de mim... Às vezes sinto que algo está a me pressionar, parece até que não terei mais capacidade de respirar, sinto-me sufocado, e sei que a qualquer momento serei engolido. Agora serei a própria lava vulcânica, e serei o próprio vulcão. Logo cuidarei de explodir e precipitar-me-ei ao mar, linda e misteriosa morada de tantos que nem sei. Ah... Como a vida me cansa. Perdão pela antipatia, perdão pelo desgosto, perdão...