Como é Divertido Ser Uma Ditadora (Parte 2: Reencontrando o Ex)
Estou escrevendo essa biografia de dentro do meu banheiro, com as portas fechadas. Não sei, desde que recebi um telefonema do presidente dos Estados Unidos, afirmando que está fazendo oposição contra minha nobre pessoa estou me sentindo um pouco amedrontada - e talvez até mesmo vigiada.
Estou desconfiada de que há um traidor entre as pessoas que trabalham pra mim no governo, mas ainda não sei quem é. Preciso descobrir o quanto antes, e o traidor vai se arrepender de ter nascido.
Confesso que estou um pouco arrependida de ter matado Albert, o ex assessor do meu marido. Apesar de me detestar, ele era leal e certamente saberia o que fazer. Se ainda vivesse, eu poderia fazer ele ficar do meu lado, e me ajudar nessa e em outras questões. Mas agora é tarde. Estou decepcionada comigo mesma, devia ter visto mais longe do que uma simples vingança. Ele me seria mais útil vivo do que morto.
Agora não sei em quem eu posso confiar e se posso confiar em alguém. Porque os Estados Unidos tem que se meter em tudo? Será que eles tem um espião metido aqui?
Estou no sétimo mês de minha ''ditadura'' como o Ocidente a chama, e já não me sinto mais como a Rainha de Sabá do séc. XXI, o que está me incomodando um pouco. As pessoas não parecem mais tão felizes como antes, ou será que eu não estava prestando atenção e elas sempre balançaram aquelas bandeirinhas com minha foto e meu nome sorrindo falsamente e fingindo animação? Não sei, só sei que preciso fazer alguma coisa.
Mas enquanto ainda decido o que fazer, vou relatar mais um episódio delicioso em que preparei um prato uma vingança, fria, mas deliciosa. Pois bem, estou no auge dos meus vinte e cinco anos, mais bela e poderosa do que nunca antes na história... mas há alguns anos atrás, quando eu tinha dezenove anos, me envolvi com um rapaz que me fez sofrer. Como eu era burra! Outro dia eu o vi, ao lado de sua noiva num discurso que fiz na praça Kabalista - sim, rebatizei a praça inspirada em meu sobrenome: Kabal. Também rebatizei avenidas, prédios históricos... mas isso é outra história! - e meus caros, como são feios. Os dois... o nome dele é Marcus, no passado, antes de me apaixonar e casar com o poder eu era apaixonada por ele.
E como estava feio! Feio como sempre foi! Como eu era capaz de achar que eu merecia um cara desses pra mim? Certamente estava louca de pedra, precisando de uma camisa de forças, mas felizmente já me curei e hoje sei do meu valor. Mereço alguém muito, mas muito melhor mesmo. Voltando ao assunto, os traços faciais dele são muito deformados! A noiva dele tem um, ou na verdade, uns cinquenta quilos a mais do que o aconselhável. E ele ficou noivo dessa mulher, quando no passado rejeitou ninguém mais ninguém menos do que... EU? Hahaha. Pois ri por dentro quando vi sua desgraça... Feio, com uma noiva feia... pobre como sempre foi. Enquanto eu estou aqui, fumando euros. Pois então... quando o vi, relembrei de minha imbecilidade do passado e ri por dentro da figura patética que ele continua ser... Pedi para um de meus soldados ir falar com ele. Dizer que eu gostaria de jantar com ele. O imbecil caiu na armadilha!
A mesa estava toda preparada, com tudo o que eu costumo comer no dia a dia: cogumelos Matsutake, filé de Wagyu acompanhado com trufa branca e caviar Beluga, Blanquette de vitela, Coq au vin e Lapin à la moutarde. Deu pra notar a saliva escorrer da boca do sujeitinho anormal que deveria comer nada mais que pão duro com mortadela no seu dia-a-dia infeliz.
Minha equipe de garçons gourmet o trataram à base de açúcar e mel, tratamento de rei, até ele sentar na mesa.
- Não toque em nada até Mademoiselle Kabal chegar. - avisou meu garçon francês.
E ele ficou lá, salivando com a visão e o cheiro daquelas comidas deliciosas... por duas horas inteiras! Era possível ouvir o estomago dele roncando há vários metros de distância. Quando então, finalmente eu cheguei! Notei como Marcus estava com sua melhor roupa, eu porém estava de pantufas e um roupão deslumbrante, mas ainda sim um roupão. Tinha acabado de levantar, eram umas sete horas da noite - não me culpem por levar uma vida de rockstar, curtir a noite e repor as energias de dia.
Sentei na mesa, ele sorriu. Eu não. O garçon correu para me servir... eu o disse:
- Me veja um pedaço de Lapin à la moutarde e algumas trufas brancas. Merci. - o garçon me serviu. Então eu mesma perguntei a Marcus o que ele queria... ele não esperou nem um segundo até me responder:
- Pode ser qualquer coisa, estou morrendo de fome!
Eu então, olhei para meu belo jardim, visível pela parede de vidro que dividia o salão. As rosas estavam lindas. Voltei minha atenção par meu prato, e cortei um pedaço do meu deliciosíssimo Lapin à la moutarde. Sem nenhuma pressa, levei-o a boca e com menos pressa ainda, o degustei. Marcus claramente deve ter ficado em entender nada, ele nem havia sido servido ainda! Então, o grosseiro e mal educado fez aquele barulho de quando você limpa a garganta para chamar a atenção. Eu me virei para ele de maneira desentendida e disse:
- Oh! - levei uma de minhas mãos a boca, fazendo uma cara de espanto. - Me esqueci de você, não é mesmo? Você quer provar esse Lapin à la moutarde, quer um pedaço?
- Por favor. - ele respondeu. Então, eu disse:
- Se quiseres provar, terás antes de passar na sua cara um estrume de vaca que meu soldado Luka tem guardado para essa ocasião nada especial. Aceitas?
- O que? - ele me olhou consternado.
- É pegar ou largar...
Ele aceitou. Foi a um lugar reservado e bem longe da minha mesa, é claro - eu não queria sentir o cheiro do estrume de vaca - e lambuzou a própria face com cocô de vaca. Hahaha. Não posso dizer o quanto ri disso. Depois ele quis voltar a mesa. Ri mais ainda. Ele pensava que sentaria pra comer comigo, uma Rainha com a face lambuzada de bosta? Meus soldados o seguraram, enquanto ele se debatia, tentando voltar a força. "Você prometeu.", ele gritou.
Terminei de finalizar minha refeição... em aproximadamente uma hora e meia e não o deixei retornar. Nem uma micropartícula de Blanquette de vitela ou qualquer outra coisa ele comeu.
Levantei e meu soldado já estava a postos com a Shot Gun para me dar (conhecida por alguns como "12"). É nada mais que uma arma com dois escapes de bala e um calibre grande, capaz de estourar um crânio.
Como essa belíssima arma costuma fazer muita bagunça, vesti um traje especial feito de plástico para nenhum pingo de sangue baixo nível me contaminar, fui até ele.
Sua cara era hilária! O espanto e terror em seus olhos era algo que eu nunca tinha visto. Eu o disse:
- Você deveria me agradecer por encerrar essa coisa ridícula que chama de vida. Tu és feio, pobre, namoras uma mulher do seu mesmo nível e eu estou lhe poupando de um presente e futuros tão patéticos quanto você.
- Não faz isso, por favor! Eu lhe imploro! - ele berrava. - Me perdoe se um dia te rejeitei... eu estou arrependido, caso com você agora mesmo!
- Hahahaha. - Minha risada preencheu o recinto. - Casar comigo? Como ousas? Você acha que uma diva como eu, iria querer um trambolho patético como você? Antes, te pisaria como uma barata.
O verme continuava implorando.
- Por favor, por favor... eu faço o que você quiser! - ele choramingava. De seus olhos saiam agora lágrimas de quem viu que a porra é séria. - Não, não! Eu faço o que quiser... mas por favor, não me mata! Não me mata! Me perdoa! Não...
POW! O estampido deve ter sido ouvido até pelos meus vizinhos que moram um tanto quanto distantes do meu "modesto" palacete.
- Essa arma é realmente incrível. - comentei, após atirar. - É impressionante o estrago que um só disparo faz!
A cara dele estava esmiuçada! Uma cena realmente grotesca... temi não dormir, mas na verdade, no meu sono após o acontecido eu dormi como um verdadeiro bebê de consciência limpa e tranquila.
Era possível ver partes do cérebro, dos ossos, e da carne no buraco que ficou no rosto dele. Não pude deixar de dar um suspiro de nojo quando vi um pedaço de um de seus olhos castanhos horríveis na parede. Nojento até o final. Devolvi a arma a meu soldado, tirei o traje, depois ordenei que a irmã dele, chamada Sara - ela não gostava de mim, quando eu e ele namoramos. Fazia campanha contra. - limpasse todo o recinto e também meus trajes, senão meus soldados matariam... todo mundo que ela conhecia, um por um, até ela fazer.
Enfim, hoje meu relato é este. Agora, estarei pensando no que fazer para me livrar dessa perseguição criminosa perpetrada pelos intrometidos Estados Unidos da América, e procurarei descobrir quem é o espião - ou espiã, que está me traindo pelas costas.
Essa situação toda é muito estressante, a única coisa que me relaxa, é pensar em que punição posso dar a esse espião safado. São tantas opções possíveis e bizarras, até engraçadas.
Agora vou sair desse banheiro, vou ir jantar, ou seria almoçar? São três e quarenta e cinco da manhã... continuo com uma rotina de rockstar. Tchauzinho para vocês.