O arrependimento
Eu o conheço há anos. É meu amigo. O vejo de longe e aceno, ele retribui. Sigo o meu caminho por outra direção, que não a dele. Me pergunto se é esta a maneira com que se trata um velho amigo. Quando me perguntei porque não fui até ele, respondi que não queria. Não conseguia entender por isto me doía. Porque me dói tanto ser eu mesmo? De que se trata esse arrependimento? Existem pessoas que dizem não o ter, mas acho que elas apenas encontraram uma forma de ocultá-lo, ele está vivo dentro de mim, e assim o quero. Não consigo o que ele me deseja, mas tento encontrar uma forma digna de contê-lo. Se meu amigo me perguntar por que não falei com ele. Responderei a verdade, porque não quis. Mas este eu, do futuro, do inexistente, que responde meu amigo, é da mesma estirpe do eu o qual meu arrependimento tenta me impor, aquele que foi em direção ao meu amigo, ao menos para dar um oi e apertar a sua mão, não existente, é apenas ideal.
Deveras difícil é nos tornarmos quem somos. O que somos na verdade, deixa sempre de ser e depois vem a ser outra coisa.