FALEI COM A MORTE
Encontrava-me assentado no sofá da sala.
Havia acabado de escrever um dos meus contos.
Ela chegou devagar e parou ao meu lado direito.
Sua aparência nada tinha nos livros narrados,
dos filmes mostrados e nos contos dos mais diversos
onde ela já por muitos escritores fora descrita.
_ Sabe quem sou?
Perguntou-me ela com voz musical.
_ Sei que seu nome é Morte.
Falei contemplando nela um olhar espelhado.
_ É parecido com isso.
_ Porém, meu nome é " Mora tis Mortis ".
_ Um nome em latim...
Pronunciei sem receio algum.
_ Ela continuou em tom suave:
_ Em português meu nome significa "Morada da Morte".
_ Veio hoje buscar minha alma?
_ Por enquanto estamos apenas conversando.
_ Constato que de fato você fala com o ser humano.
Expressei contemplando um rosto emoldurado
numa pele branca e leitosa como a de um anjo.
_ Conversei a primeira vez com um ser humano
as margens de um lindo rio cristalino.
_ Qual foi a reação dele ao ver-te?
_ Assustou-se, quis correr e até pediu piedade.
_ Por sua aparência assustou-se atoa...
Ela deu um belo sorriso e contemplei dentes perfeitos.
Mora tis Mortis tinha de fato um sorriso encantador.
_ Aquele homem foi expulso do paraíso
porque preferiu escolher ficar do lado de alguém
que ao meu ver acha-se o dono do mundo e de tudo...
_ Não pensou duas vezes nas consequência de seu ato...
_ Você refere-se também a Lúcifer?
Fiz a pergunta que pareceu-me idiota e sem sentido.
É um ser patético, arrogante, julga por si ter domínio de tudo.
_ E não tem?
_ Logicamente não.
A voz da morte soava como uma suave música
que recordava-me uma valsa de Johann Strauss.
_ Sabe por qual motivo estou aqui querido escritor?
_ Se não for para levar-me não sei qual seria seu outro motivo.
_ Antes que cheguem os fins dos meus dias que evidentemente
encontram-se perto de acontecer...
_ Seus dias terão fim?
_ Enquanto aquele ser maligno anda pelo mundo afora
pensando que possui domínio sobre a humanidade
vim dizer-lhe meu amado e lindo escritor:
_ Prepara desde já seu testamento e deixa a casa em ordem...
_ Quando finalmente você meu bem der seu ultimo suspiro
e ninguém mais estiver ao seu lado estarei vestida de noiva
para que você venha morar comigo...
No mesmo instante ela desapareceu como fumaça ao vento.
Jamais meus amados leitores pensem que não falei com a" Morte".
Ainda sinto o cheiro do perfume dela entrando por minhas narinas.
A fragrância nada tem haver com o perfume fabricado por arte
humana.
( J C L I S)
CONTO ESCRITO EM 31/12/2015 POR VOLTA DAS 17:00 HS.