FURTO DE USO
Bem apressadamente passava por ali tanto quanto passava pelo tempo.
Foi quando, de súbito, sentiu que não lhe restava outra energia de vida a não ser a de se entregar àqueles braços fortes , de tão idealizáveis abraços aquecedores, todos tão fictícios quanto reais, os que educadamente ali lhe chegaram.
Algo protocolar -e quiçá perdoável !- só se fazer um “furto de uso” do que passou a ser vital na abstração do tempo.
Haveria-lhe um forte álibi, porque ninguém pode ser punido pelo que não procurou.
E no silêncio de si mesmo, sem que ninguém soubesse, imediatamente retratou-se do todo que furtou para si, embora levando consigo e para sempre, o tudo que devolveu à revelia.
Ganhara vida e ninguém nunca entenderia como.