Quando eu era menina, com uns 10 anos mais ou menos, sempre ouvia de meu pai, nas horas do jantar: “Qual era a cor do cavalo branco de Napoleão?” Sem pestanejar, eu respondia: “Branco, ora!” Ele balançava a cabeça e respondia com ar severo: “Não”. “Não? Como é que podia? Só podia ser branco!” Eu me sentia frustrada com aquilo. E a pergunta se repetia por dias seguidos.
Meu pai tinha um humor dominicano aprendido na "Súmula Teológica de Tomás de Aquino", com certeza. Aliás, os grandes agentes da Inquisição católica eram dominicanos. Já viu, né?
Um dia, não aguentando mais a tal pergunta, já angustiada e furiosa, respondi num berro: “O cavalo era preto”! Meu pai balançou a cabeça: “Pense, menina, pense”. Não pensei mais nada. Estava confusa e minha cabeça de 10 anos não entendia o que era aquilo. Aí ele soltou, com um risinho: “A cor do cavalo branco de Napoleão era branca”... Me senti péssima.
Me lembrei disso por causa do cavalo do Getúlio. Não! Não estou dizendo que o homem era uma cavalo, que coisa! É uma ficção que criei nas minhas horas de paixão por sátiras e paródias, pois, felizmente, meu humor é muitoooo diferente daquele de Tomás de Aquino.
Mas, voltando à história, Trovão era um cavalo macho e intrépido que viera galopando dos Pampas Gaúchos até o Rio de Janeiro, trazendo o bravo caudilho que queria dar uma prensa no Imperador D.Pedro I. Já se, já sei, os puristas vão pensar que é uma barbaridade para com a História, já que mais de uma centena de anos separa esses dois personagens. Mas como você deve saber, paródia é isso mesmo, uma interpretação satírica de qualquer obra, uma esculhambação. E não é que gosto disso?
E se alguém perguntasse “qual era a orientação sexual do cavalo do Getúlio” eu responderia com certeza: hétero, ora! Contudo, pelo desenho do Игорь, meu amigo a quem pedi que retratasse o bravo corcel , mas o fez como uma eguinha apavorada (pura sacanagem), a resposta poderia ser: “Pense, menina, pense”... E assim essa ilustração que aqui foi postada só para dar uma ideia do que o caudilho viu e o fez surtar, não poderia constar da sátira que conta a visita do caudilho à Corte Imperial, "A Revolução das Bombachas".
Mas voltando ao que interessa: Getúlio, quando chegou ao Rio de Janeiro para falar com o Pedro I, amarrou Trovão num pontão de cimento que emergia da neve. É, naquela época nevava na Cidade Maravilhosa, sabe como é, em Império tudo pode acontecer...
Quando o caudilho olhou para cima, para onde a multidão apontava, viu outra coisa: Trovão se transformara em um cavalo drag. Estava estranhíssimo com aquelas meias arrastão e etecetera. Logo ele, um garanhão dos melhores de todo o Rio Grande do Sul? O homem não podia acreditar.
Contam as más línguas que Getúlio, enquanto conversava com Pedrão, preparou seu chimarrão sem se dar conta que o Marquês de Pombal, seu desafeto, batizou a erva-mate com umas outras não tão santas, que trouxera do Pará. E, conclusão, o homem ficou leso das ideias e, quando olhou Trovão, viu o que ninguém mais via. E desandou a berrar:
― Até tu, Trovão? Não passas de trovoada, tchê? Pareces uma dançarina de bordel, onde já se viu? Barbaridade! E onde arranjastes essas roupas?
O povo, em torno, nada entendia e procurava acalmar o furioso homem que chorava de raiva. Mais tarde, com Trovão já no chão, pois que fora içado por um hélico-avião, o inconformado caudilho ainda resmungava, mas já não alucinava:
― Foi aquele desgraçado do Pombal, aposto! Eu bem que o vi mexendo no meu chimarrão.
Essa história que envolve Getúlio, Trovão e o imperador D.Pedro I, eu conto numa próxima ocasião em "A Revolução das Bombachas". Me aguarde.
Meu pai tinha um humor dominicano aprendido na "Súmula Teológica de Tomás de Aquino", com certeza. Aliás, os grandes agentes da Inquisição católica eram dominicanos. Já viu, né?
Um dia, não aguentando mais a tal pergunta, já angustiada e furiosa, respondi num berro: “O cavalo era preto”! Meu pai balançou a cabeça: “Pense, menina, pense”. Não pensei mais nada. Estava confusa e minha cabeça de 10 anos não entendia o que era aquilo. Aí ele soltou, com um risinho: “A cor do cavalo branco de Napoleão era branca”... Me senti péssima.
Me lembrei disso por causa do cavalo do Getúlio. Não! Não estou dizendo que o homem era uma cavalo, que coisa! É uma ficção que criei nas minhas horas de paixão por sátiras e paródias, pois, felizmente, meu humor é muitoooo diferente daquele de Tomás de Aquino.
Mas, voltando à história, Trovão era um cavalo macho e intrépido que viera galopando dos Pampas Gaúchos até o Rio de Janeiro, trazendo o bravo caudilho que queria dar uma prensa no Imperador D.Pedro I. Já se, já sei, os puristas vão pensar que é uma barbaridade para com a História, já que mais de uma centena de anos separa esses dois personagens. Mas como você deve saber, paródia é isso mesmo, uma interpretação satírica de qualquer obra, uma esculhambação. E não é que gosto disso?
E se alguém perguntasse “qual era a orientação sexual do cavalo do Getúlio” eu responderia com certeza: hétero, ora! Contudo, pelo desenho do Игорь, meu amigo a quem pedi que retratasse o bravo corcel , mas o fez como uma eguinha apavorada (pura sacanagem), a resposta poderia ser: “Pense, menina, pense”... E assim essa ilustração que aqui foi postada só para dar uma ideia do que o caudilho viu e o fez surtar, não poderia constar da sátira que conta a visita do caudilho à Corte Imperial, "A Revolução das Bombachas".
Mas voltando ao que interessa: Getúlio, quando chegou ao Rio de Janeiro para falar com o Pedro I, amarrou Trovão num pontão de cimento que emergia da neve. É, naquela época nevava na Cidade Maravilhosa, sabe como é, em Império tudo pode acontecer...
Quando, depois da conversa com o imperador, procurou pelo seu fiel corcel, ficou pasmo: a neve derretera e Trovão se encontrava no alto, amarrado na ponta de um obelisco, se debatendo e relinchando como louco. O bloco de concreto era, na realidade, a ponta do obelisco que a neve soterrara quase por inteiro.
Quando o caudilho olhou para cima, para onde a multidão apontava, viu outra coisa: Trovão se transformara em um cavalo drag. Estava estranhíssimo com aquelas meias arrastão e etecetera. Logo ele, um garanhão dos melhores de todo o Rio Grande do Sul? O homem não podia acreditar.
Contam as más línguas que Getúlio, enquanto conversava com Pedrão, preparou seu chimarrão sem se dar conta que o Marquês de Pombal, seu desafeto, batizou a erva-mate com umas outras não tão santas, que trouxera do Pará. E, conclusão, o homem ficou leso das ideias e, quando olhou Trovão, viu o que ninguém mais via. E desandou a berrar:
― Até tu, Trovão? Não passas de trovoada, tchê? Pareces uma dançarina de bordel, onde já se viu? Barbaridade! E onde arranjastes essas roupas?
O povo, em torno, nada entendia e procurava acalmar o furioso homem que chorava de raiva. Mais tarde, com Trovão já no chão, pois que fora içado por um hélico-avião, o inconformado caudilho ainda resmungava, mas já não alucinava:
― Foi aquele desgraçado do Pombal, aposto! Eu bem que o vi mexendo no meu chimarrão.
Essa história que envolve Getúlio, Trovão e o imperador D.Pedro I, eu conto numa próxima ocasião em "A Revolução das Bombachas". Me aguarde.