Primo Zen
Quando o primo Zenrique chegava, era uma festa danada - de expectativas, lorotas e mais nada. Ele era nosso único primo em primeiro grau. E sua irmã mais velha, a Maria, o feminino da equação cumpria.
Mas o Zenrique, na tenra adolescência, já viajava sozinho, saía lá de seu sítio da Caiana na Conquista, ia até a cidade do Pará de Minas, e tomava a condução para a nossa Velha Serrana. Ainda se viajava mais
de trem no final daqueles anos cinquenta.
Mas a poeira tava à disposição inteira de quem quisesse a maior rapidez da jardineira.E o Zenrique chegava sozinho, com sua maleta marrom, saudando à Vovó, às tias, tomando café com biscoito frito,
aquela algaravia.
Depois, dava uma chegada na nossa casa, que era vizinha de cerca, saudava nossos pais, parece que até benção pedia, e falando alto, falava de suas aventuras à riviria. Cabelos cobreados, olhos esverdeados, era nossa versão cabloca de Clark Gable, até nos bigodes que já se anunciavam
E embora ele ligasse pouco à raia miúda, dava certo orgulho caminhar com ele pela cidade, exibindo o primo que vinha de longe. E eu, ainda fui mais longe quando quis demonstrar-lhe que já aprendera a ler: apontei pra uma placa vistosa, rubranil do posto de gasolina e fui lascando,cê qué vê Zenrique cumé que eu já sei lê: Treis só!
Tão disparatado que ele rebateu no ato: aquilo é ESSO.E ficou por esso mesmo.