Dona Precata
Dona Precata já ia passando da maturidade quando a conheci, e à distância, é bom que se diga aqui. É que embora um ovinho fosse o povoado do Brumado, com todo seu povinho, para um petiz aquilo era grandeza de raiz.
E com efeito morava ela numa baixada, perto do campo, e eu, do outro lado da linha férrea, na rua mais de riba de todas as sete ou oito que compunham nosso vilarejo.
Morava só, num prediozinho que servia à companhia com transformadores de força no piso térreo, e se lhe liberava o segundo andar para Precata compor seu lar.
Não vendo escada do lado de fora daquela singela construção, eu ainda caçoava com meu irmão menor, Beu, que dona Precata tinha o dom de subir pelas paredes. Ele cria no que eu criava, criancice da brava.
Mas a bem da verdade, eu mesmo me perdia naquela fantasia. Um dia ainda a veria em plena operação e se liquidaria a dúvida ou algum senão.
Ida dona Precata há mais de meio século, ouvi de minha irmã maior La Toya que aquela solitária figura tinha também o hábito de falar com as suas galinhas, exigindo-lhes que ficassem comportadinhas durante a sua saída e nada de querer acompanhá-la...Lugar delas era em casa. Sem subir paredes...