Maria Aparecida, Cida, como era chamada pela família e amigos, era uma criança muito levada. Era a caçula de dez irmãos, por isso todos da casa a tratavam com muito mimo e isso a deixava mais voluntariosa e cheia de caprichos. A família morava em uma grande fazenda, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, de construção antiga, dessas com varanda por toda volta da casa, onde se estendiam redes para descanso, geralmente após o almoço, ou a noitinha nas noites quentes de verão.
Os homens da família trabalhavam na terra com o pai, as mulheres ajudavam no serviço de casa e cada uma tinha uma função, menos Cida, que era atendida até nas mínimas vontades. Assim ela cresceu, cheia de manias e, pior, passou a perceber que tinha poder sobre as pessoas e se aproveitava disso para conseguir o que queria, às vezes, fazia traquinagem só para se divertir com a situação.
Aos poucos sua personalidade foi se definindo, muito geniosa, com um repertório infinito para chamar a atenção de todos pela sua capacidade fazer gracinhas quanto chiliques com o intuito de conseguir que fizessem suas vontades. O seu comportamento era resultado de sua própria personalidade, traços que haviam vindo junto com ela, no seu DNA, ao mesmo tempo também era um pouco, ou na grande parte, pela forma com que a família a tratava, querendo protegê-la, sem se dar conta de que poderiam estar criando uma menina muito problemática com sérias consequências para a sua vida toda.
Cida testava os limites de todos, principalmente da irmã mais velha, Benedita, a quem cabia as tarefas mais pesadas da casa e ainda dormia tarde porque Cida fazia birra toda noite até que a irmã fosse levá-la para dormir na rede da varanda. Benedita esperava a garota dormir, a levava no colo até a sua cama para depois se recolher ao seu quarto. Muitas vezes, Cida, fingia dormir e, assim que era colocada na cama, fazia com que Benedita a levasse novamente para a rede lá fora e lá ficava por horas, sendo balançada pela irmã, até realmente adormecer e ser levada para a cama.
Certa vez, em noite quente de lua cheia, Cida pediu à mãe que a levasse para dormir na rede porque Benedita não estava em casa, por conta de ter que ajudar a avó, que estava com problemas de saúde e precisava da moça para auxiliá-la nas tarefas de casa. Dona Ana, mãe de Cida, estava cosendo a bainha de algumas calças e disse à menina que ela poderia ir sozinha, mas que deixasse a porta da sala aberta. E, assim, Cida apanhou a lamparina e o travesseirinho e foi para a varanda principal da casa, deitando na rede que ficava a poucos metros da escada que levava ao jardim, onde frondosas árvores circundavam toda a área da casa. A lua ia alta e seu intenso brilho permitia ver com clareza toda a área da entrada da fazenda e foi quando Cida viu aquele pequeno ser, negrinho, perneta, pulando numa perna só, capuz vermelho vivo, com um balde na cabeça, cachimbo na boca, emitindo um som estranho como se zombando dela ao mesmo tempo em que se aproximava, pulando os degraus da escada até ficar próximo da rede. Então, a gargalhadas, jogou o balde com água no chão, que se espalhou por todo o piso. Sem saber onde encontrou forças, Cida levantou-se da rede e saiu correndo para dentro da casa, gritando pela mãe, não antes de ver o negrinho se esconder atrás da porta da sala.
Dona Ana deixou seus afazeres e correu ao encontro da filha que contou o ocorrido. Depois de acalmar a menina, a mãe procurou a figura atrás da porta da sala e em todos os cômodos da casa não encontrando nenhum sinal do intruso. Então, dirigiu-se à varanda e não viu nenhum vestígio de água na varanda, constatando que a filha havia sonhado. Cida ao entrar novamente em casa, escorada pela mãe, ainda teve a curiosidade de olhar para trás e viu que a rede balançava como se alguém invisível nela se balançasse...e agora ouvia também um irritante e sinistro assobio...
Cida não sabia, mas aquele moleque travesso e brincalhão era o Saci-Pererê, negrinho que não consegue ficar quieto, apronta muitas “artes” e assusta as pessoas.
O fato é que, após esse dia, Cida nunca mais foi dormir na rede da varanda. O gênio melodramático e a personalidade dela continuaram os mesmos mas a noção de ordem, disciplina e de limites mudou muito na cabecinha dela. As birras acabaram, as traquinagens também e o clima ficou muito mais calmo naquela casa.
“A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil e, segundo muitos autores, o Saci é um menino travesso de cor negra que possui apenas uma perna, usa uma carapuça ou gorro vermelho na cabeça e fica o tempo todo fumando cachimbo, costuma correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó em suas crinas. O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muito irrequieto e não para um instante sequer, pois fica pulando de um lugar para outro e toda vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar. Ao Saci Pererê são atribuídas às coisas que dão errado, ele entra nas casas e apaga o fogo, faz queimar as comidas das panelas, seca a água das vasilhas, dá muito trabalho às pessoas escondendo os objetos que dificilmente serão encontrados novamente, seu principal divertimento é atrapalhar as pessoas para se perderem”.
Nota: essa é uma história verídica, contada pela minha mãe, que viveu essa experiência como a menina Cida, personagem deste conto...e eu acredito em lendas.
Os homens da família trabalhavam na terra com o pai, as mulheres ajudavam no serviço de casa e cada uma tinha uma função, menos Cida, que era atendida até nas mínimas vontades. Assim ela cresceu, cheia de manias e, pior, passou a perceber que tinha poder sobre as pessoas e se aproveitava disso para conseguir o que queria, às vezes, fazia traquinagem só para se divertir com a situação.
Aos poucos sua personalidade foi se definindo, muito geniosa, com um repertório infinito para chamar a atenção de todos pela sua capacidade fazer gracinhas quanto chiliques com o intuito de conseguir que fizessem suas vontades. O seu comportamento era resultado de sua própria personalidade, traços que haviam vindo junto com ela, no seu DNA, ao mesmo tempo também era um pouco, ou na grande parte, pela forma com que a família a tratava, querendo protegê-la, sem se dar conta de que poderiam estar criando uma menina muito problemática com sérias consequências para a sua vida toda.
Cida testava os limites de todos, principalmente da irmã mais velha, Benedita, a quem cabia as tarefas mais pesadas da casa e ainda dormia tarde porque Cida fazia birra toda noite até que a irmã fosse levá-la para dormir na rede da varanda. Benedita esperava a garota dormir, a levava no colo até a sua cama para depois se recolher ao seu quarto. Muitas vezes, Cida, fingia dormir e, assim que era colocada na cama, fazia com que Benedita a levasse novamente para a rede lá fora e lá ficava por horas, sendo balançada pela irmã, até realmente adormecer e ser levada para a cama.
Certa vez, em noite quente de lua cheia, Cida pediu à mãe que a levasse para dormir na rede porque Benedita não estava em casa, por conta de ter que ajudar a avó, que estava com problemas de saúde e precisava da moça para auxiliá-la nas tarefas de casa. Dona Ana, mãe de Cida, estava cosendo a bainha de algumas calças e disse à menina que ela poderia ir sozinha, mas que deixasse a porta da sala aberta. E, assim, Cida apanhou a lamparina e o travesseirinho e foi para a varanda principal da casa, deitando na rede que ficava a poucos metros da escada que levava ao jardim, onde frondosas árvores circundavam toda a área da casa. A lua ia alta e seu intenso brilho permitia ver com clareza toda a área da entrada da fazenda e foi quando Cida viu aquele pequeno ser, negrinho, perneta, pulando numa perna só, capuz vermelho vivo, com um balde na cabeça, cachimbo na boca, emitindo um som estranho como se zombando dela ao mesmo tempo em que se aproximava, pulando os degraus da escada até ficar próximo da rede. Então, a gargalhadas, jogou o balde com água no chão, que se espalhou por todo o piso. Sem saber onde encontrou forças, Cida levantou-se da rede e saiu correndo para dentro da casa, gritando pela mãe, não antes de ver o negrinho se esconder atrás da porta da sala.
Dona Ana deixou seus afazeres e correu ao encontro da filha que contou o ocorrido. Depois de acalmar a menina, a mãe procurou a figura atrás da porta da sala e em todos os cômodos da casa não encontrando nenhum sinal do intruso. Então, dirigiu-se à varanda e não viu nenhum vestígio de água na varanda, constatando que a filha havia sonhado. Cida ao entrar novamente em casa, escorada pela mãe, ainda teve a curiosidade de olhar para trás e viu que a rede balançava como se alguém invisível nela se balançasse...e agora ouvia também um irritante e sinistro assobio...
Cida não sabia, mas aquele moleque travesso e brincalhão era o Saci-Pererê, negrinho que não consegue ficar quieto, apronta muitas “artes” e assusta as pessoas.
O fato é que, após esse dia, Cida nunca mais foi dormir na rede da varanda. O gênio melodramático e a personalidade dela continuaram os mesmos mas a noção de ordem, disciplina e de limites mudou muito na cabecinha dela. As birras acabaram, as traquinagens também e o clima ficou muito mais calmo naquela casa.
“A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil e, segundo muitos autores, o Saci é um menino travesso de cor negra que possui apenas uma perna, usa uma carapuça ou gorro vermelho na cabeça e fica o tempo todo fumando cachimbo, costuma correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó em suas crinas. O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muito irrequieto e não para um instante sequer, pois fica pulando de um lugar para outro e toda vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar. Ao Saci Pererê são atribuídas às coisas que dão errado, ele entra nas casas e apaga o fogo, faz queimar as comidas das panelas, seca a água das vasilhas, dá muito trabalho às pessoas escondendo os objetos que dificilmente serão encontrados novamente, seu principal divertimento é atrapalhar as pessoas para se perderem”.
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