O vôo do Pombo
Pouca coisa, na ordem natural das denominações, podia ser mais apropriada do que o apelido de 'pombo' praquele menino de tão rosada tez. Até ele mesmo, que vai ver nem criasse ou se interessasse pelas columbófilas, diante do espelho, podia ter dúvidas pela manhanzinha se seu destino era a escola ou o pombal.
Na hora da chamada - já se havia percebido - por avoado, José Antônio parecia hesitar se respondia seu nome quando chamado. E quando o fazia, num mouco e pouco barulho, não era mais que um arrulho.
Desnecessário dizer que sua merenda favorita era a broa de milho, ou nacos de pão que, de tanto dar bicadas, antes do recreio, caíam ao chão. E não é que assim cresceu o José Antônio, sem nunca se separar do apodo, ainda que não entusiasmasse de todo.
Mudado de plumagem, arranjou emprego num banco - chegara a recusar oferta dos correios, por antigos receios - e franco, a hora era de partir para o futuro sólido construir. Daí a achar sua pombinha - sem a confundir com as rolas, mais ariscas ou menos tolas - foi um átimo, com a vantagem de não ser uma sua concidadã, moça de valor, aguerrida, uma tal Aparecida, feliz da vida, que quiçá lhe faria mais sorridente o amanhã.
E o tempo ido, sofrido, o apelido, tudo isso cairia no olvido. O problema, entretanto, é que coube a um padre jesuíta uni-los no altar. E com a bela cerimônia quase por acabar, põe-se a falar mal - justa ou injustamente - logo de Pombal, aquele Marquês que aos jesuítas, tidos por parasitas, tanto mal fez...e tudo antes, dilmavez...