O SER É HUMANO
Toquim, morador de rua, além de solícito era muito criativo. Um dia, ele aconteceu na praça metido numa calça, com uma das pernas cortada acima do joelho. Alegre, dizia:
- Vejam a minha bermuda-calça. Agora posso ir do baile do clube às baladas de funk.
Toda roupa que ele ganhava, imediatamente ele costurava os bolsos. Justificava:
- Bolsos, pra quê? Dizia. Não sei mais nem o que é dinheiro?
Mas, um dia, Toquim extrapolou. Estávamos almoçando no restaurante. Toquim aproxima-se e fica ali, de pé, perto da gente. Não teve jeito. Nós o convidamos a almoçar conosco. Toquim arrasta a cadeira, senta-se e coloca as mãos em cima da mesa. Olhamos para as mãos dele. Estavam enluvadas. Toquim nos olhou um a um e disse com ar vitorioso:
- Fui eu que fiz. Costuradas a mão. São minhas. Feitas só com couro de fimose...