Namoro na tela
Que aquele homem vinha querendo namorá-la, Tininha não tinha a menor dúvida. Era ela assentar defronte a tv, e lá vinha ele com aqueles bigodes bem aparados, cabelos engomados e seu terno impecável, um jaquetão, a lhe falar ao coração.
Falava, falava, e falava. De tudo em sua fala entrava. Benefícios, bondades, bem-aventuranças, uma mar de bonanças. E Tininha tudo ouvia e naquele papo se seduzia. Ah, era bom demais aquele homem. Tão atencioso no seu falar compassado, no luzir de seu olhar e sempre nas boas-novas anunciar.
Tinha jeito de homem importante, mas o que a Tininha importava era o coração que aquela figura encapsulava, a energia que transmitia, não importava a hora da noite ou dia.
Ela não contava, mas em tudo assentia, aquele namoro casamento ia dar um dia. Aguentara a solteirice até ver os sobrinhos crescidos e casados, mas agora não havia como escapar: aquele moço a levaria ao altar, tão bom como sonhar...
Ah, já sei, vindo das águas do norte, sem corte, aquele moço então é o Sarney...