Mais um Conto de Amor
Este conto começa como qualquer história de amor: um olhar interessado trocado na rua, o pacote de pipocas devorado a quatro mãos no escuro do cinema, os beijos furtivos no portão de casa, o anel dourado que, da mão direita, acaba passando para a esquerda.
Foi descendo as escadas da igreja, que começaram as desavenças:
E seguiram pela vida, brigando por tudo e por nada
Sabe-se com certeza, que vez ou outra se amaram
Pois três lindas crianças, ao nosso mundo legaram.
Carlota então descendente, de brava estirpe guerreira
Descobriu com o tempo, as mais diversas maneiras
Para torna-lo nervoso, ela era sempre a primeira.
Honório general experiente, desta guerra conjugal
Passou a ser consultado, por amigos e parentes.
Respondendo sabiamente, aos mais difíceis problemas, dos atentos consulentes.
Obedecendo algum mandamento, não escrito da vida, porém muito respeitado
Ele primeiro se foi, deste mundo despejado,
Deixando Carlota sozinha, com seus três filhos casados.
Ela então o seguiu
Poucos meses depois
Não sabendo velejar
Por esse mar de águas paradas
Que alguns chamam de tédio
E outros de solidão.
Se nesse romance às avessas
Houve uma grande paixão
Quem o souber revelar
Será um bom cantador.
Pois sempre serão infinitos
Os longos caminhos do homem
E totalmente insondáveis
Os muitos disfarces do amor!
Luiz Walter Furtado Sousa
Ouro Preto, 13 de janeiro de 2015.