Frio
Sentou-se na beira do fogão, aspirando a fumaça que saía das
lenhas de laranjeira seca. O fogo dava-lhe conforto e a aquecia do
frio que fazia pela casa. A temperatura havia caído muito nestes
dias e o vento frio cortava a pele. Mexeu na lenha e atiçou o fogo.
Precisava sair para pegar mais lenha. Fazer o quê? Tinha de ser
feito ou passaria frio a noite toda.
Colocou o xale de lã e saiu na escuridão silenciosa e fria.
Sentiu o gelado a subir-lhe pelas pernas, mas não deu importância.
Caminhou ligeiro, cuidando para não apagar o lampião de querosene.
Andou uns poucos passos e divisou o monte de lenhas. Soltou o
lampião e ajuntou uns galhos e umas achas da lenha empilhada.
Não ouviu o estalar das folhas secas ou se ouviu pensou ser
o vento. Não sentiu quando a lâmina cortou-lhe o pescoço. Ou se
sentiu, pensou ser o frio que lhe penetrava nas entranhas...