A LISTA de Natal

Era uma pequenina lista endereçada a um velho barbudo, todo vermelho, de coradas bochechas. e saco bem cheio, de paciência e soluções milagrosas.

O velho e bom velhinho, assemelhava-se a um antigo mascate, que acercava-se das pobres casas, lotadas de crianças desejosas e deses-

perançadas.

Desesperançadas, sim, pois aquele momento era único e maravilhoso. E TUDO cheirava a novidades. Elas nunca antes haviam visto tal figura estranha e curiosa. Ainda mais, toda a bruma em sua volta gritava mistérios.

Imagine que os pequeninos e pobres guris o flagaram descendo furtivamente de seu trenó, direto para uma suja e estreita chaminé.

O mais surpreendente é que até aquele momento no casebre de Guto não havia aquela pequenina passagem , pois como em todas as demais moradias locais o fogão da casa era a lenha e ficava fora da casa, num simpático puxadinho, bem à moda brasileira. Ali, não havia função e nem havia necessidade de uma ostentosa chaminé, já que as frágeis estruturas das casas não as comportavam.

Assim os pequeninos esfregavam os olhos, para enxergarem melhor aquela visão inacreditável do velhinho gordo se espremendo em busca de uma lareira.

E todos ficaram bem atentos. Caso fosse preciso desentalá-lo-iam do estreito local. O que não demorou muito a acontecer.

E o bom velhinho pego de surpresa, ficou tão vermelho, que mais parecia pimentão. Mas agradecido, ele comentou:

- Como vocês me viram? Isso não poderia acontecer. Este é um momento mágico de ficção, que deveria permanecer na ilusão.

E coçando sua barba desconcertado, percebeu que o coração puro

e inocente dos pequeninos é que lhes permitiram tal privilégio.

Assim, com o coração sorrindo e o peito imenso inchado de alegria se propôs a satisfazer aos pedidos da garotada indecisa.

E ele se surpreendeu com o que ouviu;

Uma das crianças pediu atenção e mais paciência dos pais,que ele pouco via e que trabalhavam demais.

Outra pequenina pediu mais espaços com ar puro, onde pudesse brincar, ver pássaros e outros bichinhos felizes, que ela ainda não conhecia, e ar, muito ar puro para respirar.

Um pequenino pediu que todos cuidassem com carinho de sua cidade e de suas águas, pois onde ele morava passava um filete d'água onde todos despejavam seu lixos e não pensavam nos moradores que tinham de suportar tanto lixo e mau cheiro. E concluiu ao bom velhinho.

- Sabe, meu pai antes pescava ali. Hoje, ele só pesca chinelo velho e sacos plásticos.

Um dos derradeiros pedintes solicitou, que houvesse paz e menos balas... Ao que o bom velhinho interrompeu:

- Epa, você não gosta de doces? Que estranho, criança gosta de doces.

E a criança atenta, explicou-lhe como um triste mestre.

- Não, não é essa bala que falo. É uma bala que ouço chamarem de bala perdida.

O bom velhinho então muito triste, recolheu seu saco cheio de presentes e surpresas, confessando:

- Bem, amiguinhos. Vou ver o que posso fazer e no próximo Natal

tentarei trazer os seus presentes.

- Sabe como é. Eu dependo de uma lei dos adultos, chamada burocracia, que eu não entendo muito bem, mas mesmo assim levarei esta petição ao ministério celestial.

E no mesmo instante ele ouviu do alto:

- NOEL! NOEL!

- Pare de iludir aos pequeninos.

- Na verdade, na verdade vos digo que deles é o reino do céu. Mas, enquanto isso - aí na terra isso só depende de meus filhos. E só é

possível àqueles que desviarem a cobiça e amarem, de fato, tanto a si mesmo como aos seus próprios semelhantes.

- E para TODOS eu fiz os mais belos e cristalinos rios, as mais verdejantes e frondosas árvores, o mais puro e azul céu pintado nas mais diversas matizes locais de acordo com os diferentes climas e ocasiões. A eles dotei de poderosas mãos, cérebros perfeitos e amáveis corações.

- Agora, só me resta ficar daqui esperando a resposta que alegre o meu coração.

- Uma vez que sou amoroso e justo, criei o Livre Arbítrio, deixando a TODOS o prazer, de verem o resultado de suas sábias e benéficas realizações.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 27/12/2014
Reeditado em 27/12/2014
Código do texto: T5082509
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