Na razêra...!
E foi esta a condição que o zeloso Darci Pisca-Pisca ditou ao filho, Zé Luís, para que acompanhasse a mim e ao mano Beu, à praça de esportes da Velha Serrana, onde nos animava a vontade louca de aprender natação. Zé Luís, que regulava em idade com o Beu, nos seus dez ou onze anos, era miudim, e de cara, justificava a cautela do pai, eletricista da Cia de Tecidos: na razêra, e estávamos bem-entendidos.
Curioso é que para o Tarciso, irmão espichadão do dito Zé Luís, nenhuma recomendação. E o que que é que não faz aquele palmo a mais. E, considerações preliminares a parte, vamos ao que interessa: era hora de cair n´água.
E o impacto inicial, já no vestiário masculino, naquela maior informalidade, despiu de vez nosso decoro pre-juvenil. Como é que podia, varões e varinhas, todos ali na maior tranquilidade - e até sem encarar o que saltava aos olhos... Logo os já encanecidos professor Plínio e Sô Demar, o responsável pela praça, naquele despojumento...Fazia até graça, e um silente entretenimento. E o Babatu, só um pouquinho mais velho do que nós, e com aquele dispositivo tão feroz... E o Pirola, aprendiz de sapateiro, embora mais baixim que nós todos, mas com aquele portento capilar...Como iríamos nos safar...?
Mas fomos em frente, a água era de toda gente. Enquanto já ensaiávamos uns finquetes, a boiagem - que estava longe de ser boiolagem - o nadar feito cachorrim, o miúdo Zé Luís, seguia a instrução paterna, agarrado na razêra, colado na parede mais baixa da piscina. E o Cisão até que tentava estimular o irmão à aventura, mas era debalde.
Restrições orçamentárias domésticas nos compeliriam mais tarde a deixar aquele dionisíaco paraíso. E fomos para os rios, com a preferência do São João, menos traiçoeiro do que o Pará. Acompanhou-nos o Zé Luís, já mais crescidinho, driblador habilidoso nas peladas, contudo, com o mesmo ancestral recato em relação às águas. Nadar, nada