Atrás da fêmea
Andei atrás dela numa sofreguidão de dar dó. E nó. A garganta ficava seca, a respiração, suspensa, quase me levava à loucura. E eu atrás dela, sem poder e sem ao menos, querer, ser notado.
E ela não se fazia de rogada. Sabia por intuição, que podia estar sendo seguida, espreitada, espiada. E não me facilitava a vida em nada. Foram dias seguidos de esperanças renovadas, ao cabo, todas frustradas. Alguma coisa parecia se comunicar entre dois cérebros, para logo se desconectar na hora agá. O que mais soía, e mais doía. Tarefa minha de cada dia.
E se ela me visse, aí é que se retrairia, nunca mais me confiaria. Mas não me vendo, ia saber lá o que eu estava querendo... Até que surgiu o dia, no meio da tarde, hora em que sol mais arde, eu tantas vezes
malogrado, consegui, por fim, machucado, de espinhos quase todo retalhado, não ser despistado e, pra suprema glória minha: achei cheiinho, o ninho daquela galinha!
E quando trouxe de casa o samburá, ah quá, lá tinha já passado um gambá!