Duas irmãs

— É fundo — disse uma das irmãs.

E era. Jogaram uma moeda no poço.

— Quatro segundos! — disse a outra.

— O que você acha que tem aí dentro?

— Não sei não. Só tem um jeito de a gente descobrir.

Mas nenhuma das duas irmãs era tão curiosa assim. Então, partiram. No outro dia, voltaram a contemplar a enorme escuridão que se estendia pelos confins da terra.

Uma moeda estava ao lado do poço.

— Olha! De novo!

— Sim! Acho que temos que jogá-la mais uma vez.

— E quantas vezes mais?

— Até que essas moedas misteriosas deixem de aparecer.

Dessa vez, a moeda levou seis segundos para chegar ao fundo.

— Dois segundos a mais que a última vez.

— Vamos para casa.

Na tarde seguinte, porém, voltaram. Uma terceira menina as seguia. Estava curiosa, mas hesitante, porque não gostava de poços muito fundos. As irmãs, no entanto, estavam mais alegres que o normal.

— Ali — disse uma das irmãs à nova garota.

A garotinha franzina seguiu até o poço e encontrou uma moeda no chão, logo ao lado. Pegou-a e virou-se para caminhar em direção às irmãs. Mas elas já estavam logo atrás, de mãos dadas e com os olhos fixados nos dela.

— Vamos, jogue. É apenas uma brincadeira — disse uma das irmãs.

A menina estava agora um pouco mais nervosa que antes. Ela não sabia brincar sozinha e aquelas outras meninas não estavam agindo como boas amigas. Ficavam quase o tempo todo de mãos dadas e evitavam conversar. Eram estranhas.

E eram. Depois da moeda, jogaram uma menina no poço.

— É fundo — disse uma das irmãs.

— Oito segundos! — disse a outra.