As cinzas
Desde sempre eu observava,
As cinzas do cigarro de meu pai,
Caindo, suavemente, no chão.
Ás vezes, raras às vezes,
Ele as precipitava num cinzeiro,
Com a maestria mórbida de um artesão.
Junto com a fumaça densa que saia de sua boca
Junto com o prazer em sua face a cada trago,
Estava lá com meu amor, em vão.
Havia cinzas por todo lado,
Em todos os cômodos da casa.
Do jardim em ruinas ao porão.
Agora, observo, com tristeza na alma,
Um bocado de cinzas esvoaçando pelos ares
Em um bosque, de vívida vegetação.
As cinzas do meu pai após sua cremação
Vivi vendo cinzas, provocada pelo vicio.
Agora, pela enfermidade, um câncer no pulmão.