NOS RASTROS DOS SONHOS E PESADELOS

NOS RASTROS DOS SONHOS E PESADELOS

No quarto há cheiro de rato, Procura-se rastro... Dejetos no banheiro procuram-se rastros... A mulher ao lado procura seu rato...Bêbados na rua procuram seus rastros...Murmúrio de papeis na escuridão procuram seus ratos... A fome da madrugada procura seus rastros. Rastros e ratos tão castos, e assim gemia a garça na vertente do lago livre para voar. Falar de amor era como cantar em um castelo. No vento em cada gole de utopia de respirar. A tarja preta no caminho sob a escada que fica na Rua Jacó. A fúria das palavras dos meninos com cachimbos na boca quebrantados ao pó da fé também a semente da purificação que era a forja dos delírios. A neve sem rumo á parir um ser alado que espirrava. No jardim o prisioneiro que clamava na solidão abre uma porta para o vôo daquele albatroz. Nas estrelas as almas gemem de dor, vertem ao mar como destino de poeta. No alvo o vulto contempla corpos em chama á pedirem passagem para o inferno. No banco da praça um vento lateral grita em versos que trafegam Socorro... Corpo, aonde você anda corpo? Toc toc toc... voce me vê? Não sinto nada. Sou apenas alma em frangalhos que caminha na madrugada a procura de seu corpo. Nervos tortos coluna quebrada. O despertador toca são cinco horas