PRESSENTIMENTO
No aeroporto, Verinha adentra o portão de embarque. Sem mais nem por que, de repente desiste da viagem. É mulher de intuições. Tenta convencer amigos que estão com ela a que também não embarquem, sabe que algo mau vai acontecer. Em vão. Nada pode fazer. O avião parte enquanto ela inicia seu retorno para casa, dirigindo-se a seu carro que deixara em estacionamento. Nesse ínterim inicia forte tempestade, enquanto a nave, já decolada, lentamente começa a sumir de vista, no céu agora assolado por forte chuva, ventania e trovões e cortado por raios em profusão. Céu subitamente transmutado em uma coloração cinza escuro, de onde, em certo momento soa terrível estrondo, logo depois que imensa língua de fogo percorre o espaço até o chão. De prováveis 30 mil volts e estimados 40 mil ampéres o raio. O avião some aos poucos, intacto, em seu trajeto. O corpo de Verinha jaz, enegrecido e chamuscado, a uns dois metros do carro no estacionamento, ao lado do molho da chave de ignição semiderretido, enquanto rostos , sob guarda- chuvas e rajadas de vento, rapidamente começam a formar aglomeração de curiosos. Certeiros, o raio e a intuição de Verinha.
Nelson S Oliveira