A Busca

Não sabia ele o quão tola era a sua busca.

Ele, humano, insistia em buscar o desconhecido.

Essa busca lhe custaria caro, mas se mal sucedida lhe custaria à sanidade.

Humano tolo, buscou gananciosamente por algo que era incapaz de possuir.

Era ele ganancioso ao ponto de desejar aquilo que claramente era incapaz de possuir.

Tolo! Buscou a sua própria desgraça.

Oh, que infeliz introspecção!

Como pudera, mortal, jogar-se do topo do abismo, caindo sobre o mar, mesmo sabendo que não sabia nadar.

Ele, em essência, queria a tudo aquilo que não teria.

Era, de todo, uma inconsequente criança: era incapaz de discernir sobre a prospecção de sua própria vida.

Tolo, deleitou-se do abismo que deveria tê-lo afogado.

Ao deleitar sentiu o fascínio daquele que sempre buscou.

Nunca imaginou haver tamanho prazer em uma busca tão dolorosa.

A vida que sempre lutou, pela qual sempre desejou, agora se concretizou.

E com tamnho prazer pode concluir que assim jamais poderá ser.

Sua vida se resumiu ao fracasso, ao desprazer (dez prazer).

Com ela pôde aprender o pior jeito de viver, aprendeu a lidar com sua incerteza, com sua loucura, com sua doença.

Ao alcançar tal objetivo notou o quão infundada era a sua busca.

Por que buscar ao mundo quando ao seu redor ele está? Se questionou.

Tolo mortal, mal sabia ele as besteiras que concluiria.

E mesmo hesitando: continuo. Em seu abismo imundo ele imergiu. Afogando-se mais e mais em um mar em que continuamente e por vezes (mais e mais) se deleitou. Ele, insano, se quer percebeu o erro que cometera, apenas desejou absorver e viver em seu bel prazer. Ora, era essa a vida que sempre sonhou. Iludiu-se sem igual.

Quanto mais daquele mundo absorvia, quanto mais de si mesmo queria continuar a ser, mais e mais se afastava de seu próprio ser. Aquela busca lhe trouxera o mal, aquele mal que o faz sentir que está tudo bem se ninguém perceber. Ele escondeu de si mesmo o que jamais poderia ter feito, ele optou por viver uma vida sem igual. Era ele o produto indigno de sua própria criação.

Ele, humano, mortal, seguiu.