SERVIDA A MESA
Já servido o jantar
E bem farto com certeza
Então sentamos à mesa
Para nos alimentar...
De repente uma voz
Vem lá do lado de fora
Ouço os passos de alguém
Perto a se aproximar...
E esse alguém bate à porta
Eu digo... Vou atender
Peço licença e levanto
Porque um tanto me importa...
Vou a caminho da porta
Vou para ver o que é
Eu olho pela janela
Mas o que vejo me dói...
Mexe com minha emoção
Meu peito se desconforta
Ao ver aquela imagem
De machucar coração...
Sigo em frente e abro a porta
Para obter a ciência
Ou pra saber o que quer
Aquela triste mulher...
Seus passos sem esperança
E ainda trazia no colo
Com as dores de uma mãe
Sua pequenina criança...
Perguntei o seu nome
E o que lhe aconteceu
Com umas poucas palavras
Tudo ela a mim respondeu...
Ô seu moço me ajude
Por favor me entenda
Sei que é um bom homem
Porque nos atendeu...
Não queremos contenda
Só quero que compreenda
Há muitos dias com fome
Está meu filho, e eu...
Perdemos tudo na vida
Vivemos da ilusão
Só nos restou a ferida
E uma estrada em vão...
Não precisamos de tanto
Além dum atendimento
Pois não perdi o encanto
Da fé nem da comunhão...
Um pouco de alimento
E leite para a criança
Um copo d’água também
Para seguirmos viagem...
Tão comovido fiquei
Que a pedi que entrasse
Então eu lhe convidei
Que á nossa mesa sentasse...
Brilharam os olhos dela
Com tamanha emoção
E com a minha família
Serviu-se da refeição!
Autor: Valter Pio dos Santos
Abr-2014 – (Letra/MPB)