A SOLIDÃO DOS SONHOS

A SOLIDÃO DOS SONHOS

Procurei-me na noite, não estava na praia. Procurei-me outra vez, não estava na igreja, mas o sino badalava, então me vi no seu badalo. Vagava eu sobre as frontes das noivas da vila nas contas dos terços das anciãs. Ninguém ali falava estavam todas de preto. Um padre negro benzia uma criançinha branca sem pai e mãe. Um cantor de opera dançava bale, uma bailarina enfrentava um touro marrom na praça. Meu vicio é fina flor da loucura, força da queda d”água que dobra as asas de um beija flor em pleno vôo. Havia um calar de tortura, sorriso que corre pela trilha e fazia tremer de frio aquele verão. Calado em minha ira, logo passo, a viver. Vou em vôos rasantes entre os santos de barro da igreja a ira alada pelo confessório, quebrando-me sigo. Solto-me por inteiro da insiguinificante dor da solidão dos sonhos.