O homem que não era nada

Frederico nasceu um tico de gente.Pelancudo e feio, fora do tempo, cabeludo e sem as unhas.Esse conjunto triste, não assustou a parteira, acostumada em aparar tantos desnutridos.Prematuro era rotina.Os bebês já nasciam passando fome e, muitos viravam anjinhosLogo que viu o seu filho, Frederico , a sua mãe, exausta, só teve forças para suspirar e dizer que seu menino não era nada, só um fiapinho de gente,e, logo caiu em um sono profundo e reparador, já esquecida que não desejara aquele filho, fruto de um descuido besta.Durante o resguardo foi um tempo de canseira e chororo.Noites e noites , ela desperta , com falta depaciência e animo.Já bastava paras aquela mãe , de primeira e última vez, o matraquear , o dia inteirinho, do tear da fábrica.Sua vida sempre fora de trabalho e luta.Ela pensou muito e chegou a conclusão, que o mais importante, seria dar um bonito nome ao menino.Sempre gostara muito de Wesley, nome de gringo, e não fora ela afinal que escolheras o nome para o seu menino...Frederico.A madrinha do garoto, na falta de um presente de peso, pediras para escolher o nome para ele, e Frederico, lhe pareceras um nome de rei.

O molequinho foi crescendo, coisa que até a mãe duvidara.Não botou corpo, mas, espichou.Finalmente, chegou o dia em que Frederico foi, pela primeira vez para o grupo escolar.Nas mãozinhas apertadas levava o caderno, o lápis e uma laranja, já que, como acotecia muito o grupo escolar andava sem verba para a merenda.O peitinho do menino chegava a doer de tanta emoção.Na sala de aula, ele virou Fred.A jovem professora, amarrada em filmes americanos , achou que ficava mais bonito ele ser chamado assim.Foi a primeira perda dele, cinco letras do seu nome.

Apesar a boa vontade de aprender , as materias não entravam com facilidade na sua cabecinha de cabelos espetados.Não era culpa sua, só o resultado de gerações esfomeadas e anêmicas.A mãe dele, que sempre esperaras uma perda anunciada, continuava falando que o menino não era nada, um tico de gente, talvez para aliviar um sofrimento intimo.Certo dia, a mãe caiu doente.Literalmente, caiu, ficou esparramada no chão das fábrica , ao lado do tear.Sustos e gritos!Encostaram-na no hospital público , e, de lá não mais saiu.A madrinha levou Fred para as despedidas.

"filho, você nem imagina, eu engoli tanto fiapo de algodão, que penso que virei pano por dentro.Coitadinho do meu menino!Vocêé um fiapinho de gente, não é nada, e agora, vai ficar perdido nesse mundo de meu Deus..."

Assim, a mãe de Fred partiu dessa para melhor,e o menino não entendeu nada daquele desabafo moribundo.Sabia que a mãe teria os sete palmos de terra que lhe seriam destinados, e ele, a dor de uma perda maior.O tempo foi passado e o meninmo, que nãso era nada,ssde tornou um homem.A vida lhe destinou a trabalhar em construção, e lá fopi ele ser pião de obra.Passava os seus dias carregando tijolos e carrinhos cheios de argamassa.Ele não se destinguia entre os demais companheiros, continuava sendo uma sombra, um nada.Que triste sina era a dele!A solidão tomava conta de sua vida.A madrinha que bem ou mal, cuidara dele,há muito se fora.Não tinha amigos ou namorada.Mulher par aseus desejos de homem, só procurava quando sobrava uns trocados e o seu maior orgulho era a sua carteira de tra

balho.Gostava a olhar o seu retrato colado nela.Os cebelos esticados com gel, a camisa abotoada no gogó, e os olhos tristes, bem fixos na camara.Fora uma emoção bater aquelas foto,e, a carteira atestava que ele era um cidadão.

No embalo dos dias sempre iguais.a obra que ele trabalhava entrou nos finalmentes.Só continuariam os operários mais especializados.Na primeira leva dos que seriam despedidos , Fred foi incluido.Com tristeza teve que deixar o canteiro de obras. o seu girau no barracão que seria derrubado,e assi, partiu daquele porto seguro .Mais uma perca na sua pobre vida.Apesar do desconsolo ele foi a luta atrás de outro trabalho, mas, os tempos eram custosos e os empregos raros.Vieram dias e dias de preocupação.O pior é que fora obrigado a buscar um lugar para morar, uma despesa a mais para o seu magro bolso.Buscas e deseilusões diárias.

Uma manhã muto fria, ele relutou em sair da cama, sabia que aquele seria um dia como os outros, a necessidade de enfrenta a vida, pórem falou mais alto e ele procurou no piso gelado a sandália de borracha, mas, ao enfiasr o pé direito, notou ,apavorado, que estava lhe faltando o dedão .Até a noite passada, tinha certeza que ele estiveras ali.Não havia ferida, nem sangue, só a ausência.Aflito começou a procurar no meio das cobertas o seu dedão sumido.Não encontrou nada!Apesar do fato, inusitado, ele teve que sair em busca de um trabalho, já que, não havia tempo a perder.A noitinha, depos de uma busca inutil, parecia que se sentia mais exausto.Seu dedão fora mesmo uma grande perca.

Não se passaram muitos dias do ocorrido e foi a vez do outro pé ficasr desfalcado.Depois, com o correr dos dias. cada manhã lhe faltava algo do seu corpo.As orelhas perdidas lhe deram um ar assustador.Ficou sem coragem de sair de casa, e assim foi ficando , desamparado , no seu quartinho.A dor maior foi quando não encontrou suas partes intimas, e teria que sentar, como as mulheres ,para verter águas,

foram acontecendo outras perdas e o pânico tomou conta dele .O pânico tomou conta dele, se antes não conseguia emprego, como seria agora?

por sorte ainda lhe restava as Goiabeira carregada, pertinho das suas janela, para ele se alimentar.Os galhos da goiabeira, batendo na sua janela, era como uma promessa de vida.

Fred nem se lembraba mais quando quebrou o espelho, e, passava os seus dias, deitado , pensando na sua triste sorte.A cantilena de sua mãe, dizendo que ele não era nada, não lhe saia da cabeça.Teria sido uma praga?Não era possivel!Ele sabia que, dentro das limitações de ambos, muito se amaram.Ele sempre fora um perdedor, só que antes, perdia oportunidades, e agora , pedaços do seu corpo.Ele ficou ppensando que , se ficasse acordado poderia ver para onde iriam as partes do seu corpo, mas, devido a exustão, dormia , quase sem sentir.

O senhorio de Fred, voltando, com a família , de uma longa viagem , estranhou o silêncio e o abandono do quartinho lá no fundo do grande quintal e, achou melhor ir averiguar, principalmente para receber o aluguel.Bateu com força na porta de pintura descascada, que como em um filme de terror, foi se abrindo aos poucos.A escuridão abafada, no primeio momento, não lhe deixou ver nada, depois a vista foi se acostumando e le pode destinguir os detalhes.Sobre um banco, encostado na parede, estava a mala de Fred.Em cima da mesa, a carteira de trabalho.Sobre a cama desfeita, enrodilhado como uma trouxinha, um pijama desbotado.Não havia ninguem ali.O homem que sempre fora um nada, um tico de gente, transformara-se , finalmente, em nada...

lucia verdussen
Enviado por lucia verdussen em 03/02/2014
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