UIVOS DE UMA CERTA MULHER- Cap II

"Apocalíptico Desejo... Sussurros que evocam Êxtases insanos Desnudamos a noite Que a lua clareou. Ao som das sete Trombetas dos anjos Uma nova era Nosso corpo anunciou..."

(Dora Estrela)

-Sim,certa feita quando os eventos haviam se encerrado,ele deu um jeito de chegar perto de mim,então, numa audácia inadmissível,ousado,encostou-se nas minhas nádegas o seu membro rijo e pulsante.Aquele toque desnorteou-me por completo.Fiquei gelada.Suava frio.Sentia o coração pulsando,querendo sair pela boca.Latejava entre as pernas.senti os seios ganharem volume desejando serem tocados,amassados.Estava confusa,não sabia ao certo se queria ser tocada,ou não, ou se estava sob o efeito da sedução damoníaca.Deu um branco em mim,e desfaleci em seus braços.Acordei sendo acolhida pelas demais irmãs de hábito.Certa feita,foi mais ousado.Pegou de uma de minhas mãos e a repousou sobre o volume que trazia na braguilha.Eram acontecimentos rápidos-tudo acontecia em questão de segundos.Não podíamos-nos arriscar tanto.Fiquei por dia castigando a minha mão e martirizando-me espiritualmente.Eu havia pego no objeto máximo do pecado.O falo duro,volumoso.

-Onde aconteciam os tais encontros?

- Nos corredores desertos e escuros do convento.Depois veio o impossível...

-Como foi?

-Subornos a Abadesas,presentes caros,como presépios e imagens de santos,ja que tem que ser,que seja em segredo.Disse para os meus botões e arquitetei o nosso primeiro encontro.Naquele dia,como de costume,la estava ele na primeira fila.Quando abriram-se as cortinas do coro,todas nós entoávamos belíssimas canções religiosas.A minha voz respondia às antífonas,e meus olhos não se desprendiam dos dele.E o seu volume na braguilha,mostrava-o sem pudor.Era fim de semana e o convento realizava um buffet de doces e pratos especiais.Preparei-lhe alguns doces,especialmente para o seu deleite.Dentro de um deles,havia um bilhete convidando-o para um encontro.O buffet tinha clientela seleta.Pessoas escolhidas a dedo e que muito contribuíam para o sustento do convento.Descerravam-se as cortinas de grade de proteção e perante aqueles homens surgiam as religiosas,as mãos escondidas nas mangas dos hábitos.Sérias,pálidas,jovens e belas-e como eram desejadas.

Aos poucos abandonavam o ar grave,cruzavam as pernas e tocavam harpas.Versos provocantes eram recitados.Ríamos.Era bastante divertido aquela clientela freirática que se empaturravam de papa-de-anjo,marmeladas,peitos de freiras,babas -de- moça.

-Doces de nomes insinuantes...

-Sim,era proposital.Desde antigamente que os freiráticos rondavam os conventos,muitas de nós,chegávamos ao delírio sensual só ao estar manuseando,na cozinha essas iguarias.Era como se estivéssemos preparando partes dos nossos corpos para o deleite deles.Para o saborear profano e erótico dos homens sedentos por carnes imaculadas,tenras,puras e de devoção religiosa de clausura.

-Haviam outros nomes em doces?

-Sim,muitos. Lingua de brasa,totozinho doce,leite-moça,beijo de fogo,toque romano,bolo de coxa...

-Sei.a associação do ato de comer o que é doce e gostoso,com o ato sexual luxuriante.Devorar o outro com imenso prazer.

-Sim. Quando um freirático lambia um peito-de-moça,depois o comia,observávamos,e em silêncio soltávamos suspiros ofegantes.O comichão entre as pernas levava muitas de nós a se entregar aos convidado mais próximo,fosse ele desejável, ou não-de tenra idade,ou já um senhor. O ambiente era propício aos jogos sensuais,ali desenvolvidos.Em semi-penumbra para não intimidar as freiras,ou aos freiráticos.Aromas agradáveis impregnavam o ambiente,de ervas das mais diversas. O salão ficava nos fundos do convento para garantir a privacidade absoluta.Tudo era à luz de velas.

Nessas grades de doces se fazia a iniciação das jovens na arte do freirático.Depois das grades e doces podiam se encontrar com as freiras no locutório,mas não a sós. Tinham que admitir a presença de uma gradeira,com a difícil missão de vigiar o que diziam e o que faziam.

-E o que acontecia la dentro?

-Líamos versos religiosos,sentada em seu colo,é claro.Quando a sentinela descuidava,uma mão boba era colocada sobre um pênis ereto.Um beijo rápido,de língua.Um seio desnudo era acariciado.Uma mão boba masculina penetrava por entre um par de coxas roliças e alvas,que tremiam de medo e de prazer.Certa feita compramos a sentinela por um preço bem elevado e fui amada pela primeira vez por um homem de verdade.senti pela primeira vez um talo ereto,rijo,duro e pulsante varando as minhas entranhas.Senti pela primeira vez na pele o que era ser tocada por um homem.A sua virilidade masculina me conduziu aos infernos.Naquele dia eu berrei,gritei,grunhir,Travei os sons.Trinquei os dentes,de prazer.Quanto mais ele me conduzia pelos ébrios caminhos dos prazeres ocultos-eu gostava e queria mais...mais...mais.Quando gozei,gritei alto em bom tom:graças a Deus.Obrigada Jesus.É maravilhoso.Todas ficaram chocadas.Não me perdoaram.Depois desse dia fiquei prisioneira dos desejos carnais que conduz o homem ao fogo do inferno.

-Ou ao céu,não?

- Eu não sei,é que não posso abandonar o serviço sacerdotal,e não poderei viver longe dos toques ávidos de dedos audaciosos.Não posso viver mais ser ter um membro a me penetrar por minha sequiosa vulva,a quem chamo em segredo de boceta,xana,perereca,prexeca.Por isso,tentei me matar.Parece-me que esse vai ser o meu trágico fim.

- E, por que não se entrega aos braços do homem de uma vez por todas?Não entendo,por que está tão confusa,quando poderá facilmente resolver tal questão.

-Eu não quero abandonar o convento,não quero deixar de servir a Cristo.

-Não é preciso,lembre-se o pecado não existe,ele é ficticional...

-Mesmo que o procure,não terei mias chances.Ele não é mais um homem comum.Redimiu-se dos pecados.Cultiva à igreja,Recusa-me...

-Está me dizendo que...

-Sim,ele entrou para o seminário,estuda,agora é um futuro sacerdote.Quando o procurei disse-me que seria cato,puro que iria servir à igreja e ao Cristo.

-Agora,nada poderei fazer,so o tempo...

-Não é bem assim.Fiquei sabendo que ele não está tão puro assim,nem casto como disse.Contaram-me que agora ele só sente atração sexual por belas e jovens senhoritas cristãs,que comparecem à igreja as missas,de vestidos curtos,decotes escandalosos.Simplesmente busca novas aventuras.

-Entenda uma coisa,seja no campo da sexualidade humana,do desejo,ou do amor,tudo tem começo,meio e fim.Nada é eterno.Esqueça-o,não mais voltará a vê-lo,A aventura com o tempo se desgastou para ele.É um orgíaco,aventureiro.Buscará novas aventuras,agora no terreno onde se encontra.

-Eu já tenho outra pessoa-so preciso esquecê-lo.

Quando ela assim falou, a sua gradeira,uma linda loira,de olhos azuis se aproximou.Sentou-se na cama e pegando do seu rosto com ambas as mãos beijou-a na boca.Um beijo demorado.E.ali ignorando a minha presença deitaram-se na cama.Despidas.Os corpos entrelaçando-se um no outro,de forma frenética,ousada,sem pudores. Era como eu tivesse ficado invisível para ambas. O cheiro de perfume do sexo inalou-se pelo quarto pequeno e escuro. Fiquei a observar da cadeira,de onde estava a gradeira.Quadris em movimento ágeis.Mãos que acariciavam.Beijos molhados.Mordidas e lambidas.Sussurros,grunhidos,gemidos.Coxas que se comprimiam.Sexo oral.Dedos que vasculhavam o interior da xana.Pinguelos sendo chupados,lambidos,mordidos.O gozo,em êxtase.

-Temo que o nosso amor não dê certo...

- Por quê não?

- Não sou lésbica e ela é muito ciumenta.Não permite que eu me aproxime de ninguém.Quando estamos em festas,não me deixa falar com os convidados,sejam eles jovens ou gordos senhores.Tem ciúmes,até mesmo dos velhos padres que nos visitam.

-Fico feliz em saber que não está tão abandonada.Posso arriscar um prognóstico.Logo estará recuperada dessa frustração amorosa,e será muito feliz.Para curar a perda de um amor,so a conquista de um novo amor.Sinto dizer,que preciso,ter que deixá-la.Um conselho: não se prenda.Deixe fluir,caso não possa estar contente com o que tem às mãos.Busque o talo que a deixa feliz,como se fosse o bastão mágico,a varinha de condão da fada madrinha que pode realizar todos os seus desejos,entendeu?

-Eu é que agradeço,Dr.Ateneu.Eu não sei o que seria de mim sem a sua palavra amiga.Sem o seu apoio moral,intelectual e científico,Creio que não sairia inteira e tão segura.Apesar das recaídas,juro-lhe que vou buscar ser forte.Vou tentar manter-me de pé. Tudo o que eu quero é viver intensamente,usufruindo dos belos dotes que a natureza me presenteou.Sinto-me bela e desejável.A prova está aqui à nossa frente. Muitas são as mulheres que se deixam seduzir pelos meus dotes físicos. Confesso que um corpo masculino me seduz,me tira do prumo,no entanto,nesse novo relacionamento estou descobrindo um novo mundo,novos prazeres-uma nova forma de amar. O que mais me faz sofrer é a consciência.Sinto-a pesada,queimando em desequilibrio,uma comiseração voltada para o erro,para o que seja pecado.Temo o Inferno e estar sob o signo do mal.

-Reflita quanto às coisas que lhe disse.Negue tudo,quebre barreiras.Nasça de novo,busque o novo. Esqueça os dogmas religiosos e os preceitos,preconceitos enraizados no ser por uma sociedade repressora,opressora que a tudo condena.Tudo é permitido,desde que não fira o outro.Veja desse modo.Deus não é o que dizem. A Bíblia é um exemplo de luxúria.Lembre-se de Ruth e Esther que engravidaram do próprio pai.O rei Davi que desejou a esposa do general Urias,tramando a morte do mesmo.Noé que enchia a cara de vinho e desfilava nu pelas tendas.A Bíblia relata casos de estupros entre irmãos,para não falar dos milhões que foram mortos,em nome de um Deus que se diz bondoso,justo.

-Sim,querido amigo,estarei atenta. Assimilarei o que muito me disse.

-Lembres-se prazer sem dor.Nada de Céu,nada de Inferno,nada de anjos,nada de demônios.

Quando saí pelo longo e sombrio corredor,dava passadas leves,nada apressadas.Ouvia as juras de amor,de ambas.Iniciaram-se os gemidos e suspiros de prazer. Saí,deixando aquela amiga e mulher recolhida em sua clausura.Sentí que a felicidade a envolvia mais uma vez.Creio que não mais tentará o suicídio.Não precisará mais de exaustivas sessões de psicanálise.So espero que a frustração com o moço freirático não a tenha empurrado para o lesbianismo,de socorro.Lembrei-me de certa poesia da poetisa Dora Estrela:

"Apocalíptico Desejo... Sussurros que evocam Êxtases insanos Desnudamos a noite Que a lua clareou. Ao som das sete Trombetas dos anjos Uma nova era Nosso corpo anunciou..."

O amor e os desejos sexuais precisam serem verdadeiros para que haja a felicidade.So assim, o relacionamento dará certo.Espero que se adapte com facilidade a essa nova realidade,haja visto que está mais do que provado que a mulher não precisa de um pênis ereto para ser feliz,como parte da humanidade não precisa acreditar em Deus,ter fé,ter uma religião para viver bem e feliz.

Era fim de tarde.O sol descia no horizonte.Filetes de cor púrpura,de luzes intercalados com véus cristalinos.Uma beleza.So uma coisa supera a beleza de um por-do-sol,o calor dos amantes.havia chegado até aqui por caminhos ermos e por estradas de terreno acidentado.Sinto-me feliz em saber que a minha missão foi cumprida,sem sentimentos de culpa,que conduz o homem a percorrer caminhos ermos,de solo acidentado que leva os infelizes à loucura das neuroses,esquizofrenia, ou ao cemitério.Segui o meu caminho recitando para a etéria solitária lua o velho e tão atual poema da Beat Generation:

Uivo

Pernas erguidas e dobradas

Para receber caralho

Atormentado na escuridão

Atacando

Levantando o buraco

Até a cabeça pulsante

Corpos entrelaçados

Nus trêmulos

Coxas quentes

E nádegas enfiadas

Uma na outra

E os gemidos dos movimentos

Vozes

Mãos no ar

Mãos entre as coxas

Mãos na humidade de quadris

Palpitantes contração de ventres.

(Allen Ginsberg)

Leônidas Grego( sem pudores,sem Dogma,sem Deus ou Diabo,sem anjos,sem demônios,sem céu e sem Inferno- o Pecado não existe.Tudo é permitido,desde que não fira o outro)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 07/01/2014
Reeditado em 18/12/2017
Código do texto: T4640114
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