As Rosas
Estávamos sentados em um banco. O cheiro das rosas se espalhava por todos os cantos da praça vazia e úmida por causa do sereno daquela noite fria.
Ela me abraçava. Sua cabeça em meu peito.
- Você já amou alguém na vida? Não apenas gostar, amar de verdade - ela me perguntou.
- Sinceramente, eu não sei - respondi.
Ela ficou um tempo calada e então disse:
- Acho que nunca vou amar de verdade. O amor é tão bobo. - Pude ouvir seu suspiro. - Acho que ninguém ama.
Eu sorri, mas na verdade senti um nó na garganta e não soube exatamente o porquê.
- Na verdade ele não é bobo. Ele é complexo. Tão complexo que talvez não exista - Eu disse.
- É, talvez. Eu não consigo gostar de ninguém. É difícil para você também? Difícil gostar de alguém?
- Um pouco. Eu sempre tento pensar em tudo. Em tudo que pode acontecer - Olhei para o céu. Não havia estrelas. - Gostar sim é algo bobo. O que eu sinto é afeto.
Ela nada disse e então continuei:
- O afeto é algo universal. Pode ocorrer entre dois átomos, entre duas palavras, entre galáxias, entre pessoas... qualquer coisa.
Ela sorriu e então se virou e me beijou. Eu soube o que ela quis dizer com tudo, mas não me importei. Aquele beijo me deu muitas respostas. Com certeza ela continuava a ter o mesmo pensamento, mas para mim, aquele beijo quis dizer afeto.
E era isso o que eu sentia pela garota que sentava-se ao meu lado, respirando o ar da noite temperado com o cheiro das rosas.