MORTO POR UMA CALCINHA

Eles se amavam,
pelo menos era o que
se diziam de hábito,
sobretudo antes e depois
que iam foder.

Ele sempre saía para beber
com os amigos,
mas se encasquetava
todas as vezes
que era ela quem saía.

“Onde você estava?”
“Com quem?”
“Até essa hora?”

Isso quando não soltava
o verbum volat
como um coice de cavalo
zangado.

E ela nunca entendia
por que ele era
assim tão incrédulo,
tão mordaz,
tão duro.

...

Um dia,
ele chegou na zona
com um de seus melhores amigos
e encomendou,
como de costume,
uma boceta
por cento e cinquenta
contos;

os mesmo contos, aliás,
que havia negado a ela,
quando lhe pedira
para comprar
um vestido novo.

Feito e pago,
decidiu roubar
a calcinha da puta,
para mostrar aos amigos
o grande feito;

mas o pau vinhático,
bêbado que estava de cair,
acabou levando
a calcinha para casa.

No dia seguinte,
acordou com a mulher
com ela nas mãos,
e, de semblante pálido,
quis se esquivar
da conturbada situação:

“Essa calcinha é sua?”

Ela fitou-o
com ira nos olhos
e com extrema dor
no coração,
e respondeu:

“Sim, claro que é minha!”

E foi a última vez
que ele a viu,

desde então anda
perdido por aí,
entres amigos, putas,
e cadelas.

Péricles Alves de Oliveira

 
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 18/12/2013
Reeditado em 18/12/2013
Código do texto: T4616648
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