O CAVALO NEGRO E SEU CAVALEIRO ENCANTADO

As presentes linhas servem para reflexões, pois, existem muitos mistérios para serem esclarecidos, os Seres de Luz dizem que compete ao homem desvendar seus próprios mistérios.

O Apóstolo Lucas disse: "Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido”.

Há uma frase isolada, mas muito estranha, em Isaías. Ele pergunta: "Quem são estes que vem voando como nuvens e como pombas para as suas janelas?”.

Segundo as tradições índias, cada um de nós tem pelo menos um espírito de animal, que nos dá de presente suas qualidades e muitas vezes até semelhanças. Alguns destes animais de poder são guardiões de espíritos que existem em outros reinos.

O cavalo é um dos arquétipos principais inscritos na memória humana. Seu simbolismo se estende tanto ao domínio urânico quanto ao reino ctônico. Ele é o condutor do "carro solar", que atravessa os mundos transportando as almas. É ele, sem sombra de dúvidas, o animal sacralizado por excelência.

Muito presente nas mitologias, o cavalo pode tornar-se inquietante, até maléfico e seus poderes mágicos, podem ocasionalmente suprir os dos homens, onde eles se detêm, no limiar da morte.

É nessa luta de morte que estou lutando a minha presente batalha. Ontem foi um dia mui nervoso, com desgaste emocional de altíssimo grau. Tive vários entreveros profissionais e outros de ordem familiar.

Por volta do meio dia, a minha família se agitou num corre-corre para mais uma vez socorrer a nossa mãezinha querida, que à beira dos seus 80 anos, está travando uma batalha medonha com o Sr. deus da morte, pois teme a escuridão cósmica, opondo-se a ela.

Tradicionalmente o ser humano gosta de guerras, precisa estar lutando porque é fraco, vive traçando estratégias de defesa e quase sempre perde, está sempre buscando Deus para as suas guerras, e quando chega o emissário do deus Ikú (A Morte), luta a sua última batalha em total desespero e apego às coisas do mundo que "fez seu", mesmo sabendo que não lhe pertence, pois, é somente um estrangeiro, com estada provisória, o seu destino é outro, mas ele se afeiçoa e se agarra às coisas deste mundo, então, desesperado luta.

Nessa batalha espiritual o ser está sempre pronto para a defesa ou para o ataque, se vale de todas as armas; orações, palavras e promessas. Se cobre de amuletos e de símbolos de fé.

Essa posição, torna-se personalizado e ´demonizado’, formado pelos desejos e evoluindo em livre-arbítrio, fornecendo a merecida quantidade de sofrimento.

Como não sabe quem é, também não sabe o que fez, e já ai, começa a travar a sua luta!

Podemos compreendê-lo melhor se imaginar dois duelistas lutando para subir por uma larga escada até o céu.

À medida que sobem a escadaria, toda a vida sobe com eles.

A até que altura subirão ...?

Só sei que nessa luta, a luta da vida contra a morte, todos se envolve, cada um com as suas razões, tentam prolongam o desfecho, com batalhas memoráveis.

O sangue escorre, jorra e espirra, acrescentando brilho à cena.

O duelo é combate, mas também jogo.

Os combatentes jogam em seriedade mortal.

No final da tarde já muito desgastado e com o “psicológico” em frangalhos por já ter lutado a minha batalha, por volta das 16:30 horas, fui embora para casa.

Como não havia me alimentado, minha esposa tratou logo de providenciar algo para eu comer. Isto feito, fui me deitar, eram 18 horas aproximadamente e imediatamente me desliguei do mundo físico.

Nesse passamento provisório fui conduzido a uma casa. Essa casa tinha pelo menos dois cômodos, não me vi passando por nenhum deles, porém, sentia que atrás de mim existia um tipo de sala de estar, o que veio se confirmar mais adiante, quando a minha querida amiga canina, Lily, entrou para me ajudar. Naquele cômodo sem mobília, a poucos passos de mim, encontrava-se um homem branco, de estatura média, sentado num banco rústico, em baixo de uma janela aberta e segurava uma criança também branca, quase loira, no seu colo.

Não sei como fui introjetado naquele lugar. Só sei que o ambiente era de tranqüilidade e muita paz. Não notei nenhum tipo de luz artificial, porém, o local possuía uma iluminação amena, num tom de bege, caminhando para uma leve penumbra.

Eu estava completamente lúcido, em plena consciência, com todos os sentidos aguçados, principalmente a visão e a audição. Fazia pouco tempo da minha estada naquele lugar, quando de repente algo me conduziu dois passos para frente, me postando em frente à janela, onde me deparei com uma magnífica e uniforme floresta.

Da janela onde eu me encontrava até a ala sul, existia um quadrado perfeito, aliás, tudo ali era perfeito, na dimensão da metade de um campo de futebol, com gramas altas, e foi daquele lado, sul, que surgiu um belo e negro cavalo, com grandes e maravilhosas crinas, que iam da cabeça até a calda.

Aquele ser encantador e magnífico saiu da floresta uniforme para dentro do quadrado gramado, num bailado simplesmente divino. A sua crina esvoaçava, suas patas flutuava, com gestos precisos e graciosos, parecia que me saudava. De repente abaixou a cabeça e começou a tosar a grama com a boca, sem come-la, vindo da direita para a esquerda, e quando chegou à janela aonde eu me encontrava, parou, sentou-se, e com a pata esquerda me cumprimentou e imediatamente, continuou no seu bailado mágico até completar o giro de 360º. Repetiu o procedimento na segunda rodada e na terceira, entrou pela janela, como se um ser humano fosse. Eu, no meu estado de “erê”, não esbocei nenhuma reação, foi ai que surgiu a minha cadela Lily e o conduziu para fora da casa.

De tudo isso, restou na memória do meu SER a figura geométrica que fora formada por aquele encantado – O quadrado grande da floresta, dentro dele o quadrado formado pelo gramado e o circulo feito pelo animal.

Quando eu levantei, oito e pouca da noite, estava com tudo isso dentro de mim e ainda, o bailado daquele belo cavalo de crinas e cola pretos, que iam da cabeça à calda, de um pêlo muito negro, luzidio e macio como veludo.

Não é fácil sucumbir ao encanto de uma lenda quando não se está no ambiente ao qual ela pertence, mas quando se faz parte dela é deveras radiante, e não se tem como dissocia-la da realidade.

Com a pureza da minh’alma, quero agradecer a todos aqueles seres que estiveram comigo ontem naquele lugar mágico e fascinante – O Homem, que mesmo calado me recebeu e foi muito hospitaleiro; A criança que com a sua sabedoria e inocência, me transmitiu de alguma forma, pureza e simplicidade; ao Senhor “Cavalo Encantado”, que mesmo sem possuir o dom do entendimento, passou para mim os ensinamentos, os quais eu absorvi e retornei à matéria completamente centrado; à minha querida guardiã, Lily, que no momento justo interferiu e me trouxe de retorno à minha realidade relativa, integro e fortificado, alegre e revigorado. Com a tristeza afastada, passei a noite sonhando, mesmo acordado. E, no dia seguinte, e no seguinte do seguinte, e até hoje, vivo alegre e sonhando! Andando e assobiando! Acho que até mesmo levitando! Parece-me até que bailando! Pois, quão grande foi aquele momento vivido! Onde parece que eu havia morrido, e para um tipo de céu conduzido!

Que Deus, Pai Todo Poderoso, abençoe a mim, minha querida mamãe e a todos esses seres maravilhosos que proporcionaram esse lindo momento na minha insignificante existência.

Salve seu Cavalo Encantado, a sua imagem é inmorredora. Se o seu propósito foi plantar na minha memória o mapa da fortificação, fique sabendo amigão, que a mandala por ti trazida agora faz parte da minha vida, e por ela me conduzirei e num belo dia, ao seu reino encantado retornarei para pessoalmente agradecer, e como um bom guerreiro, o seu símbolo devolver, intacto e reluzente, para que em outra ocasião, sirva de proteção a um honrado Irmão!

...

O cavalo é associado por uma crença tão antiga quanto universal às trevas do mundo ctônico: ele pode então surgir das entranhas da terra ou dos abismos do mar. É muito complexo em suas acepções simbólicas, uma vez que ele é portador tanto da vida quanto da morte e é associado tanto à água como ao fogo.