O menino adormecido

As vezes ser egoísta e individualista é a melhor coisa. As pessoas não estão ao seu lado para te entender, estão para apontar os seus erros. Por isso que o egoísmo e individualismo são os melhores sentimentos.Tudo que faço é para que um dia eu realmente seja independente, a independência é o sentimento que mais preso, não qualquer independência, a independência absoluta!, mas não estou certo de que alcançarei a tão bem quista Independência, visto que deixei o menino fugir. Sempre soube deveras que continuar invisível era o que me devia apetecer. Aquele menino bobo, extremamente quieto e com medo do mundo, era mais forte do que sou hoje. Aquele menino sabia que o mundo aniquilava pessoas como eu, aquele menino era mais forte que todo o Mundo, pois envolto em sua redoma não se deixava atingir pelas irradiações maléficas dos que habitavam aquele Mundo, do qual não fazia questão de pertencer. Seu entorpecimento garantia-lhe viver paralelo a todo aquele mundo, sem ser incomodado, sem ser tolhido de viver seu mundinho particular, sem que eles despedaçassem seu pequeno mundo, donde só ele fora habitante e rei. Não sabia mas não era tão fraco quanto pensava, fraco sou no agora, icástico, iconicamente levado a apagar o reluzir fraco e iconoclasta daquele pequeno menino medroso esgueirado ao canto da parede com cara de quem não se importa com nada, com cara de quem o mundo é tudo que lhe avilta o âmago.

Sim! aquele menino era demasiadamente forte, a despeito do Mundo, sua força não era física, nem mental, era subjetiva, resignada, simplória e camuflada por baixo de toda a inocência, doçura e delicadeza daquele menino, o mundo não lhe importava, o mundo não existia, ele era o mundo de que precisava. Os ícones eram todos atingidos pela sua expressão de nada e se estilhaçavam, se desintegravam, pois aquele menino se recusava a refletir, se recusava a ser espelho, ele era um raio, atravessava a todos,ninguém conseguia capturar-lhe em espelho algum, ninguém conseguia torná-lo apenas mais um reflexo.

Mas aquele menino que por muito ocupou minhas carnes, esvaiu-se não sei para onde, não sei se raios morrem, mas ainda vivo a esperar o momento em que me atravesse e me quebre por inteiro, me transforme em cacos, me desfigure desta figura que me tornei e que o verdadeiro raio volte a habitar minhas carnes e me enrijeça o âmago e não volte mais a me dar com esse Mundo translúcido de seres icônicos...

Adailton Almeida Barros
Enviado por Adailton Almeida Barros em 12/10/2013
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